Lawfare na USP: Faculdade de Direito mente ao UOL sobre afastamento sumário de Mascaro
E-mail obtido pelo 247 prova que o diretor da Faculdade, Celso Campilongo, foi formalmente procurado pela defesa de Alysson Mascaro
247 - A Faculdade de Direito do Largo do São Francisco, que afastou sumariamente o professor Alysson Mascaro após denúncias anônimas e sem provas de cunho sexual contra o professor e intelectual marxista Alysson Mascaro, mentiu ao UOL ao ser questionada sobre o fato de não ter permitido acesso à defesa sobre o teor da sindicância.
De acordo com a reportagem do UOL, que questionou a USP sobre o não acesso da defesa ao teor da acusação, fontes da universidade teriam dito que nenhum advogado procurou a Faculdade de Direito, comandada pelo professor Celso Campilongo.
Um e-mail obtido pelo 247, contudo, mostra que na última quarta-feira, a defesa de Mascaro procurou formalmente Campilongo e até hoje segue sem resposta, conforme atesta o e-mail abaixo.
Mascaro foi atacado pelo site estadunidense The Intercept, que tem promovido campanhas de cancelamento contra intelectuais relevantes da esquerda brasileira, como ocorreu com o ex-ministro Silvio Almeida. O Intercept, que se apresenta ao público como um veículo de esquerda, foi fundado pelo bilionário Pierre Omidyar, que possui fortes conexões com o estado profundo estadunidense.
Depois das denúncias anônimas do Intercept, a USP se valeu de um decreto autoritário do governador de extrema-direita Tarcísio de Freitas para afastar Mascaro em nome da “moralidade administrativa”.
A ausência de evidências materiais e a negativa de informações à defesa reforçam o caráter nebuloso do procedimento. Mascaro, que registrou boletim de ocorrência contra perfis anônimos responsáveis por crimes cibernéticos e difamação, permanece sem saber quem o acusa e quais seriam exatamente os fatos que o incriminam.
Campilongo também foi procurado pelo 247 e ainda não se manifestou sobre o afastamento sumário de Mascaro, que ocorreu no dia 13 de dezembro, data de aniversário do AI-5, decreto da ditadura militar que ceifou liberdades individuais. Nas redes sociais, o escritor e teólogo Leonardo Boff afirmou que o afastamento de Mascaro prova que o AI-5 segue vigente.
Ao UOL, a advogada Fabiana Marques, que representa o professor no processo administrativo da faculdade, afirma que foi necessário entrar com um mandado de segurança para conseguir acesso às acusações. "Por hora, não tivemos acesso a qualquer das denúncias que possam estar sendo feitas dentro da USP nesse procedimento preliminar que está aberto", disse a defensora.
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