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    Paulistanos deixam a capital em busca de qualidade de vida e custo mais baixo

    Cidade enfrenta declínio populacional pela primeira vez em um século, impulsionado por altos custos e mudanças demográficas

    Cidade de São Paulo (Foto: Diogo Moreira / Divulgação)
    Guilherme Levorato avatar
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    247 - O aumento do custo de vida em São Paulo está levando muitas famílias a deixarem a maior cidade do Brasil em busca de uma vida mais tranquila e barata em municípios próximos. Dados da Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) mostram que, entre 2019 e 2023, a população da capital paulista encolheu 0,7%, marcando o primeiro recuo demográfico consistente em pelo menos cem anos, informa a Folha de S. Paulo.

    Uma das famílias que protagonizam essa tendência é a do pedagogo e consultor Álvaro Doria, 46, e sua esposa, Ingrid Ferreira, 48, que trocaram a capital por Indaiatuba, no interior do estado. A mudança, segundo eles, representou um alívio financeiro de cerca de 30%, considerando moradia, alimentação, transporte e educação dos dois filhos. "Eu não preciso sair com 1h30 de antecedência para ir ao médico. As crianças podem ir a pé para a escola", afirma Ingrid.

    Assim como eles, outros paulistanos relatam benefícios semelhantes ao trocarem a capital por cidades do interior. Entre os motivos da migração estão a busca por maior qualidade de vida, facilidades proporcionadas pelo home office e a possibilidade de manter a renda da capital com um custo de vida significativamente menor.

    São Paulo: uma cidade cada vez mais cara - O ranking global de custo de vida da consultoria americana Mercer ilustra o impacto financeiro que motiva muitas dessas mudanças. São Paulo subiu 28 posições no índice, ocupando agora o 124º lugar entre 226 cidades avaliadas. Segundo Inaê Machado, especialista da Mercer, o aumento da inflação e a valorização do dólar explicam o encarecimento da cidade.

    Itens como serviços domésticos, transporte e produtos de uso pessoal estão entre os que mais subiram. Enquanto isso, outras capitais brasileiras, como Rio de Janeiro e Belo Horizonte, ocupam posições menos onerosas no ranking.

    Mudanças demográficas e migração - Outro fator que contribui para a queda populacional é a mudança na estrutura demográfica da capital paulista. A taxa de natalidade caiu 44% entre 2000 e 2023, enquanto a mortalidade geral subiu 17% no mesmo período. Bernadette Waldvogel, da Fundação Seade, destaca que o saldo migratório da cidade já é negativo desde o início dos anos 2000.

    Com mais paulistanos saindo do que chegando, o crescimento populacional dependia de um saldo vegetativo positivo — mais nascimentos do que óbitos. Contudo, a pandemia acelerou o aumento da mortalidade, enquanto a natalidade continuou a cair, levando ao declínio populacional.

    Interior enfrenta inflação com migração em massa - Cidades do entorno da capital, como Indaiatuba, Atibaia e Campinas, vêm atraindo muitas famílias, mas o movimento já apresenta efeitos inflacionários nesses municípios. "O custo de moradia ainda é mais baixo no interior, mas em algumas cidades já há especulação imobiliária", observa o economista Fábio Andrade.

    Essa dinâmica é sentida por famílias como a de João Soares e Rosa Muniz, que se mudaram para Atibaia em 2020. Apesar de enfrentarem um aumento nos preços de aluguéis, eles relatam uma melhoria na qualidade de vida, com acesso facilitado a serviços e menor sensação de insegurança.

    Perspectivas para o futuro - Especialistas apontam que São Paulo deve continuar enfrentando desafios relacionados à sustentabilidade urbana e ao custo de vida. Embora a cidade ainda seja mais populosa que países inteiros, como Portugal, a migração para o interior pode redefinir o cenário econômico e demográfico do estado.

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