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      Superfungo avança em São Paulo e causa surto em hospital público

      Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o caso representa uma ameaça significativa à saúde pública

      Fungo Candida auris (Foto: Centers For Disease Control and Prevention (CDC))
      Laís Gouveia avatar
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      247 - O Hospital do Servidor Público Estadual, localizado na zona sul de São Paulo, enfrenta um surto do Candida auris, microrganismo conhecido como "superfungo" devido à sua resistência a medicamentos e alta taxa de mortalidade. Desde janeiro deste ano, a unidade registrou 14 casos de colonização — quando o fungo está presente no paciente sem causar infecção — e um caso de infecção. As informações são do portal Metrópoles.

      A presença do Candida auris nos hospitais brasileiros não é novidade. O primeiro caso foi detectado em 2020, em um hospital de Salvador (BA), durante a pandemia de Covid-19. Na época, a superlotação das unidades de saúde e a redução do controle de infecções facilitaram a disseminação do fungo. Desde então, surtos hospitalares têm sido relatados, especialmente em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), onde pacientes imunodeprimidos estão mais vulneráveis.

      Risco para pacientes hospitalizados

      Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Candida auris representa uma ameaça significativa à saúde pública por diversos fatores:

      • Forma biofilmes altamente resistentes a antifúngicos;
      • Apresenta resistência aos principais medicamentos usados contra infecções fúngicas, com estudos indicando que até 90% dos isolados são resistentes ao fluconazol, anfotericina B ou equinocandinas;
      • Pode causar infecções invasivas fatais, especialmente em pacientes imunocomprometidos;
      • Sobrevive por longos períodos em superfícies hospitalares, como roupas de cama, corrimãos, equipamentos médicos e móveis;
      • Difícil identificação laboratorial, o que favorece sua disseminação e persistência em ambientes hospitalares.

      O infectologista Diego Rodrigues Falci, diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), alerta para a gravidade da infecção causada pelo fungo. "[Infectados e colonizados] são pessoas que estão usando antibióticos, que fizeram quimioterapia, transplante e pessoas gravemente doentes em unidades de terapia intensiva porque, evidentemente, esses outros fatores enfraquecem o sistema imunológico ou deixam essa pessoa mais suscetível a esse tipo de infecção", explicou o especialista ao Metrópoles.

      Os sintomas da infecção incluem febre persistente, mal-estar e piora nos exames laboratoriais. Como o fungo pode ser resistente aos antifúngicos convencionais, o tratamento é desafiador e, muitas vezes, requer opções terapêuticas alternativas.

      Medidas de controle e investigação

      No Hospital do Servidor Público Estadual, um paciente de 73 anos foi infectado pelo Candida auris e faleceu. No entanto, a unidade afirmou que o óbito foi causado por complicações cirúrgicas e não diretamente pela infecção fúngica.

      O Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual de São Paulo (Iamspe) informou que notificou a Anvisa sobre o surto e implementou protocolos rigorosos de segurança para conter a disseminação do patógeno. As medidas incluem isolamento de pacientes em quartos individuais, reforço na higienização e treinamentos para a equipe hospitalar. "De acordo com o preconizado pelos órgãos de vigilância, a unidade segue realizando coletas mensais por seis meses para análise do cenário", informou a instituição em nota.

      O avanço do Candida auris nos hospitais brasileiros reforça a necessidade de aprimoramento nas políticas de prevenção e controle de infecções hospitalares. Com sua resistência crescente a tratamentos convencionais, especialistas alertam para a importância da detecção precoce e da adoção de medidas eficazes para evitar novos surtos e proteger pacientes vulneráveis.

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