'Uma leoa': testemunhas contam como mãe que está em estado grave ajudou a salvar filhos no acidente em Ubatuba
Testemunhas locais relataram que Mireylle teve um papel decisivo na salvação da família
247 - Na última quinta-feira (9), a pequena cidade de Ubatuba (SP) foi palco de um impressionante ato de heroísmo e solidariedade durante o resgate de uma família goiana após a queda de um avião. A aeronave, que levava Mireylle Fries, seu marido Bruno Almeida Souza, e os dois filhos do casal, de 4 e 6 anos, caiu próxima à praia, deixando como única vítima fatal o piloto, Paulo Seguetto. A reportagem é baseada em informações do portal G1.
Testemunhas locais relataram que Mireylle teve um papel decisivo na salvação da família. Mesmo ferida, ela se esforçou para retirar os filhos e o marido da aeronave em chamas. “Ela foi que nem uma leoa para salvar os filhos, com a força, sabe? Acho que ela estava até fora de si no meio daquela fumaça, ferida que estava, ainda. Ela conseguiu tirar uma criança, tirou a outra. E quis tirar o esposo também”, disse o agricultor e morador de Ubatuba, Gilmar Destefano.
O empresário Pedro Romano, também residente da região, destacou o trabalho conjunto dos presentes no local: “Toda uma equipe de desconhecidos que trabalhou junto para conseguir resgatar, conseguir tirar [do avião] essas quatro vidas”. Ele ainda exaltou a força materna de Mireylle: “Um instinto materno muito grande porque ela ajudou a tirar as crianças”.
O acidente e a resposta imediata
O acidente aconteceu em um dia de chuva, e a pista molhada pode ter contribuído para a dificuldade de pouso. O avião, que não conseguiu frear adequadamente, cruzou uma avenida e incendiou-se após atingir um obstáculo. Imagens capturadas mostram o desespero inicial: pessoas correm em direção à aeronave para conter as chamas e ajudar os sobreviventes. “Nós vemos pela filmagem inicial que tinha várias pessoas próximas que já correram pra aeronave jogando água, gritando. Isso pode ter contribuído muito para a sobrevivência dos passageiros”, comentou Miguel Angelo Rodeguero, diretor da Associação de Pilotos e Proprietários de Aeronaves.
Entre os primeiros a agir estavam o cabo do Corpo de Bombeiros André Nunes Moisés e o soldado Ângelo da Silva. Ambos ajudaram também a professora Rosana Alves Vieira, que foi atingida por destroços do avião enquanto caminhava com o filho na calçada. “O destroço do avião bateu na minha perna. Alguma coisa que eu não sei o que bateu na minha perna e eu caí”, relatou Rosana, que sofreu fratura exposta no pé e segue internada.
Condições da pista e investigação
O Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) investiga as causas do acidente. Especialistas apontam que as condições climáticas adversas e a pista reduzida podem ter sido fatores determinantes. “A pista não era suficiente para o modelo. Pode ser que tenha havido mais alguma coisa? Pode. Pode ter falhado os freios? Podem ter falhado os freios”, ponderou Rodeguero.
O aeroporto de Ubatuba, sem torre de controle, opera com pousos e decolagens coordenados entre os pilotos via rádio. A pista, com apenas 560 metros utilizáveis em uma das cabeceiras, estava aquém das especificações para o modelo do avião em condições de pista molhada, que requer 838 metros.
Recuperação e lições
Mireylle Fries e sua família seguem internados em São Paulo. A empresária passou por cirurgia e está em recuperação, enquanto os filhos e o marido estão estáveis. Apesar da tragédia, o caso é marcado por histórias de superação e pelo espírito de cooperação da comunidade local. Como destacou o cabo Moisés: “A força mesmo do ser humano. Tem essa atitude de querer ajudar um ou outro”.
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