Tragédias aéreas marcam 2024 como o ano mais letal da aviação brasileira em uma década
Número de vítimas fatais atinge 153, impulsionado por acidentes em Vinhedo (SP) e Gramado (RS)
247- O ano de 2024 entrou para a história da aviação brasileira como o mais letal da última década, segundo informações divulgadas pelo Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) através do painel Sipaer. De acordo com os dados, 153 pessoas perderam a vida em 175 acidentes aéreos ocorridos ao longo do ano, informa a Folha de S. Paulo. O aumento expressivo nas estatísticas foi fortemente influenciado pelos desastres em Vinhedo (SP) e Gramado (RS).
O acidente mais grave ocorreu em 9 de agosto, quando um avião da Voepass caiu sobre uma área residencial em Vinhedo, vitimando 62 pessoas. A aeronave ATR 72-500, que fazia o trajeto entre Cascavel (PR) e Guarulhos (SP), perdeu o controle e despencou em parafuso sobre o condomínio Recanto Florido, no bairro Capela. Segundo um relatório preliminar do Cenipa, o copiloto Humberto de Campos Alencar e Silva relatou a presença de "bastante gelo" momentos antes da queda, o que pode ter contribuído para o congelamento de componentes essenciais da aeronave.
Outro acidente de grande impacto ocorreu em 22 de dezembro, quando um turbo-hélice caiu em uma área urbana de Gramado, matando dez pessoas. A aeronave havia decolado sob chuva do aeroporto de Canela (RS) com destino a Jundiaí (SP) e caiu poucos minutos após a decolagem.
Os números de 2024 superaram o recorde anterior de 2016, quando 104 pessoas morreram em acidentes aéreos. No total, ocorreram 175 acidentes, sendo 44 fatais, o maior volume da última década. O estado de São Paulo lidera as ocorrências com 287 registros.
A segurança da aviação brasileira, embora comparada à de países de primeiro mundo, enfrenta desafios crescentes. Especialistas atribuem o aumento de acidentes à expansão das operações aéreas. Dados da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) indicam que, em novembro de 2024, 8 milhões de passageiros foram transportados, um crescimento de 8% em relação a 2015.
Para Roberto Peterka, piloto aposentado da Força Aérea Brasileira e especialista em investigação de acidentes, o crescimento das operações exige reforço nas ações preventivas. "Os aviões estão voando mais, e há aeroportos, como o de Congonhas, quase saturados", afirmou.
Henrique Hacklaender, presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), destaca a preocupação com a fadiga das tripulações devido a escalas intensas. "A aviação ainda é um ambiente seguro, mas é claro que se voa cada vez mais perto dos limites", alertou.
A Anac iniciou discussões sobre ajustes nos requisitos de gestão de risco de fadiga para tripulantes, reconhecendo que entre 70% e 80% dos acidentes aéreos estão relacionados a erro humano. A proposta ainda está em análise e deverá ser encaminhada para deliberação.
Os dados de 2024 expõem a necessidade de medidas mais eficazes para garantir a segurança nas operações aéreas, diante do crescimento do setor e dos riscos associados.
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