Ex-prefeito de Porto Alegre, Olívio Dutra defende "relação da área urbana com a área rural" para evitar enchentes

247 - O ex-governador do Rio Grande do Sul e ex-prefeito de Porto Alegre, Olívio Dutra (PT), afirmou em entrevista à Rádio Gaúcha que o sistema de proteção de enchentes de Porto Alegre tinha manutenção “quase diária” durante sua gestão, entre 1989 e 1993. Esse sistema é formado por diques, casas de bombas e pelo muro da Mauá, que pela falta de manutenção, não suportaram a cheia do Guaíba em maio deste ano, deixando milhares de desabrigados e desalojados na cidade.

“Tratamos de ter um cuidado quase diário com as casas de bomba para que não fossem inundadas, para que as peças não se deteriorassem, não enferrujassem. Equipes trabalhavam intensamente. Naquele tempo, não tinha celular como temos hoje, tinha radiozinho, e os companheiros percorriam o centro da cidade no mínimo uma vez por semana registrando os problemas que encontravam em relação ao sistema de proteção da cidade”, disse Olívio. Quando as águas começaram a invadir bairros de Porto Alegre, apenas 4 das 23 casas de bomba estavam funcionando.

O ex-prefeito também afirmou que o saneamento e os sistema de proteção contra cheias estavam entre as principais demandas da população. “Nas primeiras reuniões do orçamento participativo, a comunidade já disse que a prioridade de ação da Frente Popular era tratar do saneamento e do sistema de proteção da cidade contra inundações. Foi aí que atuamos intensamente valorizando o que já tínhamos de estrutura, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, criada em 1970, quando se criou o sistema de proteção da cidade, e valorizando técnicos, engenheiros, ambientalistas, estudiosos e toda a equipe especializada nessas questões”, afirmou.

Olívio Dutra defendeu a realização de ações de planejamento do espaço urbano em todo o Brasil para que situações como a de Porto Alegre tenham menor impacto. “Precisa ter uma relação da área urbana com a área rural, com conhecimento de solo e subsolo, ter políticas que tratem das questões específicas de realidades como a de Porto Alegre. Precisamos de um zoneamento ecológico e econômico que possa ser executado por autoridades e setores em todos os níveis”, defendeu o ex-governador