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    RS tem 126 mortos, 141 desaparecidos e mais de 339 mil desalojados por chuvas

    As chuvas intensas causaram enchentes de grandes proporções em diversas cidades gaúchas

    Pessoas são resgatadas de enchentes em Canoas, no Rio Grande do Sul 05/05/2024 (Foto: REUTERS/Amanda Perobelli)

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    CANOAS (Reuters) - O número de mortes confirmadas em decorrência das chuvas intensas no Rio Grande do Sul subiu para 126, ante 116 relatadas anteriormente, com 141 pessoas desaparecidas, informou a Defesa Civil do Estado em balanço divulgado na noite desta sexta-feira.

    Em seu comunicado, o órgão também relatou que o número de desalojados pela crise está em mais de 339 mil, sendo que 441 municípios gaúchos, de 497 no total, foram afetados pelos eventos climáticos. Mais de 1,9 milhão de pessoas foram atingidas.

    As chuvas intensas provocaram o aumento do nível de uma série de rios no Estado, causando enchentes de grandes proporções em diversas cidades gaúchas e afetando os esforços das equipes de resgate para alcançar sobreviventes.

    Ainda assim, segundo dados da Defesa Civil gaúcha, mais de 70 mil pessoas e quase 10 mil animais já foram resgatados por um efetivo de mais de 27 mil pessoas que atuam nos esforços de resgate com mais de 3 mil viaturas, 41 aeronaves e 340 embarcações.

    Em meio à tragédia, o maior desastre climático da história do Estado, os gaúchos passaram a enfrentar uma crise de abastecimento, com a escassez de alimentos e outros suprimentos básicos. Entidades e instituições de todo o país têm promovido doações de itens para a região, mas as enchentes têm dificultado a chegada dos suprimentos.

    O aeroporto da capital Porto Alegre, com a pista submersa, está fechado desde a semana passada e a Força Aérea Brasileira iniciou o lançamento aéreo, com para-quedas, de donativos para pessoas que estão em áreas isoladas.

    O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), voltou a alertar em entrevista coletiva nesta sexta que mais chuvas estão previstas para o Estado nos próximos dias, principalmente no domingo e na segunda-feira, indicando que os níveis dos rios podem atingir patamares superiores aos atuais.

    Já na manhã desta sexta voltou a chover forte em Porto Alegre, onde o nível do Rio Guaíba pode voltar a subir e atingir novamente a marca de 5 metros. Segundo dados oficiais, o rio -- que tem volume de inundação de 3 metros e chegou a 5,3 metros nesta semana -- estava em 4,7 metros nesta manhã, mantendo tendência de queda até então.

    As chuvas também devem contribuir para novas cheias em outros rios em todo o Estado, alertaram autoridades.

    "Insistir com a população para que mantenhamos os alertas, mantenhamos todos sob atenção em função do que temos de expectativas de chuvas que vão impactar essas localidades", disse Leite em entrevista coletiva.

    O governador também voltou a insistir para que pessoas resgatadas durante a tragédia ainda não retornem para áreas de risco, já que as chuvas devem provocar novos deslizamentos e cheias de terra em regiões ainda encharcadas pelos temporais recentes.

    O governo estadual ainda relatou nesta sexta-feira que existem mais de 163 mil pontos sem energia elétrica no Estado, enquanto 26 municípios estão sem serviços de telefonia e internet e mais de 385 mil moradores não possuem abastecimento de água no momento.

    De acordo com comunicado do Estado, há 75 trechos em 47 rodovias estaduais com bloqueios totais ou parciais por conta das chuvas e suas consequências.

    LUTO E MEDO EM ABRIGO

    Em Canoas, próximo à capital Porto Alegre e uma das cidades mais afetadas pelos eventos climáticos até o momento, cerca de 6 mil sobreviventes se reuniam em uma quadra da Universidade Luterana, que se transformou em um abrigo emergencial para pessoas desalojadas pelas enchentes.

    "A gente está aqui só pela solidariedade de outras pessoas. É difícil", disse a sobrevivente Aparecida de Fátima Fagundes à Reuters, acrescentando que está tendo dificuldades para dormir tranquilamente em meio às incertezas geradas pela crise.

    Enquanto aguarda no abrigo em busca de descobrir as perspectivas para seu futuro, Aparecida tenta passar o tempo brincando com seu neto, mas as lembranças do que considera "o dia mais difícil" de sua vida sempre retornam.

    "Vem aquele filme na cabeça da gente das pessoas pedindo 'socorro, socorro'. O helicóptero salvando as pessoas. Era um cenário horrível", relatou.

    Ela ainda contou que um sobrevivente teve seus itens roubados no abrigo, gerando um temor que complementa os já existentes sentimentos de perda e luto.

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