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"Sigiloso": Dallagnol pediu à Transparência Internacional custeio de viagem de promotores venezuelanos ao Brasil

Objetivo era receber os promotores para obter informações sigilosas sobre supostos atos de corrupção na Venezuela

Deltan Dallagnol (Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados)

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247 - Novas revelações provenientes da Operação Spoofing indicam que o ex-procurador Deltan Dallagnol, figura central da Operação Lava Jato, solicitou, em segredo, que a organização não governamental (ONG) Transparência Internacional (TI) financiasse a hospedagem e alimentação de promotores venezuelanos no Brasil, em 2017. As mensagens, obtidas por meio de um ataque hacker, evidenciam a colaboração entre Dallagnol e a TI Brasil, relata o Metrópoles.

Conforme os documentos vazados, Dallagnol dirigiu-se a Bruno Brandão, diretor da Transparência Internacional Brasil, para discutir o apoio financeiro e logístico necessário para receber promotores venezuelanos de maneira confidencial. "Bruno: sigiloso. TI bancaria a hospedagem e alimentação de promotores da Venezuela para passar uma semana conosco, de modo confidencial, trabalhando nas investigações da Venezuela? Não comente com ninguém. Se for necessário autorização superior, adiamos pra ver no momento necessário e da forma certa", escreveu Dallagnol em 28 de agosto de 2017.

O código de ética da ONG, contudo, é claro ao proibir qualquer vantagem pecuniária ou indevida a funcionários públicos, nacionais ou estrangeiros, com a intenção de garantir qualquer tipo de influência ou tomada de decisão. A colaboração visava obter informações sigilosas sobre supostos atos de corrupção na Venezuela. Os promotores venezuelanos em questão frequentemente alegavam ser perseguidos pelo governo de Nicolás Maduro.

Em outra troca de mensagens, datada de 31 de outubro de 2017, Brandão menciona que estava em um debate sobre a Venezuela na Fundação Fernando Henrique Cardoso (FHC) e perguntou a Dallagnol sobre a possibilidade de mencionar a colaboração da Transparência Internacional com a força-tarefa da Lava Jato. "Alguma objeção?", perguntou Brandão. "Sem objeções. É até bom para testar terreno", respondeu Dallagnol. Poucos dias depois, Brandão informou que adiaria os planos.

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A controvérsia se intensifica com a participação do ex-juiz suspeito e atual senador Sergio Moro (União Brasil-PR). Em mensagens de agosto de 2017, Moro sugeriu a Dallagnol a divulgação da delação da Odebrecht sobre propinas na Venezuela, apesar do sigilo imposto pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Dallagnol, por sua vez, concordou com a sugestão, mesmo reconhecendo possíveis críticas. "Haverá críticas e um preço, mas vale pagar para expor e contribuir com os venezuelanos", escreveu.

Diante dos riscos, membros da força-tarefa expressaram preocupação. "Vejam que uma guerra civil lá; é possível e [que] qq [qualquer] ação nossa pode levar a mais convulsão social e mais mortes", ponderou Paulo Galvão, procurador do MPF. Athayde Ribeiro Costa também levantou a possibilidade de retaliações severas por parte do governo Maduro. O procurador Athayde Ribeiro Costa emendou: “imagina se ajuizamos, e o maluco [Nicolás Maduro] manda prender todos os brasileiros no território venezuelano”. Dallagnol, então, responde: “PG [Paulo Galvão], quanto ao risco, é algo que cabe aos cidadãos venezuelanos ponderarem. Eles têm o direito de se insurgirem”.

Em resposta à reportagem, Deltan Dallagnol declarou: “sobre a Venezuela, os textos enviados claramente tratam de alternativas legais de dar tratamento ao assunto das propinas pagas a autoridades da Venezuela, como oferecer denúncia ou fazer pedido de cooperação, que poderiam resultar na publicidade. Caso os procuradores ou juiz quisessem vazar os dados, bastaria passar pra imprensa, o que está claro ali que não foi nem seria feito. As supostas mensagens, se verdadeiras, só mostram a correção dos procedimentos”.

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