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    Governo Lula retoma força da indústria pelo BNDES, que já supera o agronegócio

    Diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior ressalta que o BNDES se reaproxima do setor industrial “sem deixar de apoiar os outros”

    Presidente Lula, Geraldo Alckmin e Aloizio Mercadante (Foto: Ricardo Stuckert)

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    247 - Com o lançamento do plano de crédito e subsídios pelo governo Lula (PT), a indústria brasileira volta a ter protagonismo nos financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). De acordo com a instituição, o volume de empréstimos liberados ao setor industrial, de janeiro a setembro deste ano, ultrapassou o montante destinado ao agronegócio – um cenário que não se via desde 2016, informa a Folha de S. Paulo. Esse movimento marca uma tentativa de reativar o setor, que busca recuperar seu espaço na economia nacional após anos de retração e desafios de competitividade.

    O plano “Nova Indústria Brasil”, anunciado em janeiro, elevou a procura por financiamento industrial em mais de 100% em relação ao ano anterior. José Luis Pinho Leite Gordon, diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES, afirma que a instituição agora busca retomar o apoio ao setor após anos de foco reduzido. “Nos anos anteriores ao governo Lula, a indústria foi completamente deixada de lado”, disse Gordon. De acordo com ele, o setor industrial absorveu 27% dos créditos aprovados pelo BNDES em 2023, enquanto o agronegócio ficou com 26%, invertendo os índices de 2022, quando o campo liderava com 31% das aprovações.

    A mudança no foco do BNDES é celebrada por representantes da indústria, mas o setor ainda enfrenta desafios, como a concorrência externa e os altos custos de produção no país. Mesmo com o aumento no crédito, o cenário para o próximo ano ainda gera incertezas. Além dos problemas históricos de competitividade, a elevação da taxa básica de juros (Selic) também pressiona as condições financeiras para novos investimentos.

    O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, destacou a importância desse momento em evento no Palácio do Planalto, afirmando que o setor industrial lidera o crescimento dos investimentos no último trimestre. A reaproximação com a indústria brasileira é vista por economistas como um passo fundamental para estimular a produção nacional, mas ainda está distante dos patamares das décadas de 1990 e 2000, quando o setor liderava os recursos concedidos pelo banco. "Você não sai do nada e volta ao que era lá em 2010, no governo Lula, que era 40% [de aprovação para a indústria]. Você vai caminhar aos pouquinhos. E é isso que nós estamos fazendo", pondera Gordon.

    Mário Sérgio Telles, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), observa que a reativação do crédito industrial também tem impacto psicológico positivo, impulsionando a confiança das empresas em buscar financiamento. "O BNDES tinha se fechado bastante para todos os setores e as aprovações tinham caído muito. É um momento de inflexão importante, com demanda maior, um mercado de trabalho crescendo e concessões de crédito avançando. As aprovações para a indústria cresceram significativamente em 2023 e estão crescendo neste ano em relação ao mesmo período do ano passado", afirma.

    Ainda assim, analistas alertam para a necessidade de uma política industrial sólida para que o setor industrial recupere de fato sua competitividade. Robson Gonçalves, economista e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), aponta que os números atuais, apesar de promissores, não configuram uma reversão definitiva da desindustrialização. Gonçalves destaca ainda a crescente entrada de produtos industriais importados, como aço e vidro, o que representa um desafio adicional à indústria nacional.

    Embora o governo celebre os avanços, os próximos anos serão decisivos para transformar essa recuperação pontual em crescimento sustentável para o setor industrial brasileiro.

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