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    Estudo revela que mortalidade materna de mulheres pretas é o dobro em relação à brancas e pardas

    Pesquisa da Unicamp destaca disparidades raciais na saúde materna e aponta o racismo estrutural como fator determinante

    Mulher grávida vista em Recife. 29/01/2016 REUTERS/Ueslei Marcelino (Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino)

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    247 - Um estudo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) publicado em junho na Revista de Saúde Pública revela que mulheres pretas têm quase o dobro de risco de morrer durante o parto ou no pós-parto em comparação com mulheres brancas e pardas. A pesquisa analisou a taxa de mortalidade materna por cor da pele de 2017 a 2022, considerando também a causa da morte, região do país e faixa etária.

    Os resultados mostram que, em todos os anos analisados, mulheres pretas apresentaram índices de mortalidade materna significativamente superiores aos de mulheres brancas e pardas, cujas taxas foram semelhantes entre si. A professora de obstetrícia da Unicamp e coautora do estudo, Fernanda Garanhani Surita, em entrevista à Folha, aponta o racismo como um problema estrutural que afeta o acesso e a qualidade do atendimento de saúde para mulheres pretas. "Não é que as pessoas pretas tenham mais problemas de saúde, mas elas enfrentam dificuldades de acesso e de cuidado qualificado", destaca Surita.

    A mortalidade materna refere-se às mortes ocorridas em decorrência da gravidez, durante o parto ou no pós-parto, sendo que cerca de 92% desses casos são evitáveis. As principais causas incluem hipertensão, hemorragia, infecções e abortos provocados. Entre 2017 e 2022, a taxa de mortalidade materna no Brasil foi de 67 mortes por 100 mil nascidos vivos. No entanto, enquanto a taxa entre mulheres brancas e pardas foi de 64 mortes, entre mulheres pretas o índice alcançou 125,8.

    Os dados do estudo foram obtidos do DataSUS, sistema de informações do Ministério da Saúde, e as categorias de raça seguiram a classificação do IBGE. A separação entre mulheres pretas e pardas foi feita para evitar a "invisibilização" das disparidades específicas enfrentadas por mulheres pretas. "Isso mostra que, mesmo dentro de grupos vulneráveis, há mulheres expostas a mais vulnerabilidades", explica Surita.

    A maior taxa de mortalidade materna entre mulheres pretas foi registrada na região Norte, com 186 mortes por 100 mil nascidos vivos. Nesta região, as taxas de mortalidade entre mulheres pretas e pardas não apresentaram diferença significativa.

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