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Saiba o que é botulismo, doença que vem preocupando a população da Bahia

A Vigilância Epidemiológica baiana registra casos e mortes causadas pela enfermidade. Confira alguns sintomas, formas de transmissão e como se prevenir

Alimento estragado para matéria sobre botulismo (Foto: Bruno Peres/Agência Brasil)

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247 - A Vigilância Epidemiológica da Bahia confirmou o sexto caso de botulismo no estado desde janeiro de 2024. Duas pessoas morreram, três foram hospitalizadas e um paciente recebeu alta. Os casos aconteceram nas cidades de Salvador, Campo Formoso, Cícero Dantas e Senhor do Bonfim.

O botulismo é uma doença neuroparalítica grave, rara, não contagiosa, causada pela ação de uma potente toxina produzida pela bactéria Clostridium botulinum (C. botulinum). O agente etiológico entra no organismo por meio de ferimentos ou pela ingestão de alimentos contaminados que não foram produzidos e/ou conservados adequadamente.

Alguns sintomas do botulismo são vertigem, tontura, sonolência, problemas na visão e na respiração, diarreia, náuseas e vômitos. A doença também causa paralisia descendente da musculatura respiratória, dos braços e das pernas, comprometimento de nervos cranianos e prisão de ventre.

Sua notificação é compulsória e imediata (em até 24 horas) para que as ações de vigilância sejam realizadas a tempo de prevenir outros casos. A doença pode levar à morte por paralisia da musculatura respiratória.

Todas as formas de botulismo podem ser fatais se não tratadas adequadamente e são consideradas emergências médicas e de saúde pública. Por isso, ao surgirem quaisquer sintomas, é essencial procurar ajuda médica imediata. No Brasil, a maioria dos casos notificados está diretamente relacionada à contaminação alimentar.

A bactéria causadora do botulismo produz uma toxina que, mesmo ingerida em pouquíssima quantidade, pode causar envenenamento grave em questão de horas. Além disso, os esporos dessa bactéria são amplamente distribuídos na natureza, como em solos e sedimentos de lagos e mares, podendo sobreviver em ambientes com pouco oxigênio, como alimentos em conserva ou enlatados.

Esses esporos também estão presentes na água não tratada e em produtos agrícolas, como legumes, vegetais e mel, e em intestinos de mamíferos, peixes e vísceras de crustáceos.

Formas de transmissão:

  • Botulismo alimentar: Ocorre pela ingestão de toxinas presentes em alimentos contaminados, que foram produzidos ou conservados de maneira inadequada. Os alimentos mais comumente envolvidos são: conservas vegetais, principalmente as artesanais (palmito, picles, pequi); produtos cárneos cozidos, curados e defumados de forma artesanal (salsicha, presunto, carne frita conservada em gordura – “carne de lata”); pescados defumados, salgados e fermentados; queijos e pasta de queijos e, raramente, alimentos enlatados industrializados. O período de incubação (entre o consumo e o início dos sinais e sintomas) pode variar de 2 horas a 10 dias, com média de 12 a 36 horas. Quanto maior a concentração de toxina no alimento ingerido, menor o período de incubação.
  • Botulismo intestinal: Nesse tipo de botulismo, os esporos contidos em alimentos contaminados tornam-se viáveis, se fixam e se multiplicam no intestino, onde ocorre a produção e absorção da toxina. Em adultos, alguns fatores de risco são descritos, como cirurgias intestinais, Doença de Crohn e/ou uso prolongado de antibióticos, que alterariam a microbiota intestinal. Não se sabe o período de incubação dessa forma da doença porque é impossível determinar o momento exato da ingestão dos esporos.
  • Botulismo por ferimentos: Uma das formas mais raras, ocorre pela contaminação de ferimentos com C. botulinum. As principais portas de entrada para os esporos são úlceras crônicas com tecido necrótico, fissuras, esmagamento de membros, ferimentos em áreas profundas mal vascularizadas ou ferimentos produzidos por agulhas em usuários de drogas injetáveis e lesões nasais ou sinusais em usuários de drogas inalatórias. O período de incubação pode variar de 4 a 21 dias, com média de 7 dias.
  • Botulismo infantil: Esse tipo é uma forma de ocorrência intestinal mais frequente em crianças com idade entre 3 e 26 semanas, sendo uma das principais causas o consumo de mel nas primeiras semanas de vida. Casos de botulismo infantil têm sido notificados na Ásia, Austrália, Europa, América do Norte e América do Sul. A incidência real não é precisa porque, em poucas ocasiões, os profissionais de saúde suspeitam de botulismo. Essa doença pode ser responsável por 5% dos casos de morte súbita em lactentes.

Veja como se prevenir

A melhor forma de prevenção é adotar cuidados com o preparo, consumo, distribuição e comercialização de alimentos, além da higiene dos alimentos e das mãos. Não consumir alimentos em conserva que estejam em latas estufadas, vidros embaçados, embalagens danificadas, vencidas ou com alterações no cheiro e no aspecto. Lavar sempre as mãos. O preparo de conservas caseiras deve obedecer rigorosamente aos cuidados de higiene e armazenamento.

É importante certificar-se de que essas medidas foram adotadas pelo estabelecimento/vendedor que preparou o alimento. O mel é um dos alimentos mais perigosos, especialmente para crianças menores de 2 anos, devido ao risco de conter esporos da bactéria causadora do botulismo, conforme o Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos. Esse público ainda está adaptando sua microbiota intestinal aos novos alimentos, podendo desenvolver quadros graves da doença.

O aquecimento dos alimentos pode eliminar as toxinas do botulismo, sendo necessário cozinhá-los por 10 minutos a uma temperatura acima de 80°C (com informações divulgadas pelo Ministério da Saúde).

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