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    Sarampo ameaça 86% dos municípios brasileiros, revela relatório

    Estudo da Opas destaca a necessidade de ações urgentes para controle da doença em diversas regiões do país

    Dia D de mobilização da Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e Sarampo. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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    247 - Nesta quarta-feira (18), durante a 26ª Jornada Nacional de Imunizações, realizada em Recife, foram apresentados dados alarmantes sobre a situação do sarampo no Brasil. Segundo o levantamento, 86% dos municípios brasileiros estão classificados como áreas de risco alto ou muito alto para a doença, informa a Folha de S. Paulo. Ao todo, 4.587 cidades foram identificadas como em risco alto e outras 225 como em risco muito alto. Apenas quatro municípios registraram risco baixo para a doença.

    A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) destacou a gravidade do cenário. A coordenadora de Imunização da entidade, Flávia Cardoso, ressaltou que o Brasil havia conquistado, em 2016, o certificado de país livre do sarampo. No entanto, em 2019, perdeu o status após registrar casos da doença por um período superior a 12 meses. “Em 2022, o Brasil estava endêmico para sarampo e, em 2023, passou para o status de país pendente de reverificação”, explicou Flávia, trazendo à tona a necessidade de rever as estratégias de combate ao vírus.

    Em maio deste ano, a Comissão Regional de Monitoramento e Reverificação do Sarampo, Rubéola e Síndrome da Rubéola Congênita nas Américas visitou o país, emitindo uma série de recomendações. Entre elas, foi destacada a urgência em ampliar a sensibilidade na definição de casos suspeitos e reforçar o sistema de vigilância epidemiológica. A comissão também recomendou ao governo brasileiro a padronização de um fluxograma de resposta rápida a possíveis casos de sarampo, tomando como exemplo o caso detectado no Rio Grande do Sul, que teve origem no Paquistão.

    Flávia alertou que, apesar de haver melhorias na cobertura vacinal contra o sarampo e a rubéola, essas melhorias não foram uniformes em todas as regiões do país. Estados como Rio de Janeiro, Amapá, Pará e Roraima foram citados como áreas de grande preocupação para a manutenção do controle dessas doenças. “Foi feita ainda a recomendação de buscas ativas integradas de casos de sarampo e rubéola com poliomielite e paralisia flácida em menores de 15 anos”, completou Flávia, ressaltando a importância de fortalecer a vigilância a nível municipal.

    Entre as sugestões da comissão, está a articulação com o Ministério do Esporte para garantir a vacinação de atletas brasileiros, como foi feito antes dos Jogos Olímpicos de Paris. Essa estratégia visa proteger não apenas os atletas, mas também evitar a disseminação do vírus em grandes eventos esportivos.

    Embora o Brasil tenha completado dois anos sem registrar casos autóctones – quando a transmissão ocorre dentro do território nacional – de sarampo, o retorno da certificação de país livre da doença depende de uma série de fatores, incluindo o aumento da cobertura vacinal e a detecção rápida de casos suspeitos. Para tanto, a colaboração entre governos estaduais e municipais será essencial para garantir o sucesso das ações recomendadas.

    A situação atual acende um alerta importante para a população brasileira. Com a baixa adesão às campanhas de vacinação em algumas regiões, o risco de novos surtos de sarampo é uma realidade que exige atenção imediata de autoridades de saúde e da sociedade como um todo.

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