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    Corrida pela hegemonia na IA impulsiona centros de dados no sudeste asiático com financiamentos recordes

    Alta demanda impulsionada pela inteligência artificial eleva aportes em países como Malásia e Tailândia

    Servidores para armazenamento de dados (Foto: Reuters/Sigtryggur Ari)
    Luis Mauro Filho avatar
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    247 - A corrida por inovação no mercado de inteligência artificial está provocando um crescimento acelerado no mercado de data centers na Ásia, atraindo investimentos recordes e aumentando o interesse de grandes instituições financeiras globais. 

    Segundo informações do portal Bloomberg, duas grandes empresas asiáticas do setor obtiveram, recentemente, empréstimos históricos para expandir suas operações, especialmente na Malásia, país que desponta como um novo hub tecnológico regional.

    Os negócios firmados nas últimas semanas ilustram claramente como a expansão da IA está moldando o mercado asiático de infraestrutura tecnológica, com projeções indicando que a demanda regional por centros de dados crescerá em média 32% ao ano até 2028. Esse índice supera significativamente o crescimento esperado nos Estados Unidos, de 18%, segundo levantamento da consultoria imobiliária Cushman & Wakefield.

    Entre os negócios recentes, destacam-se o empréstimo de US$ 2,8 bilhões obtido pela Bridge Data Centres, pertencente ao grupo Bain Capital, destinado à ampliação das suas instalações na Malásia. Outra empresa, a DayOne (antiga GDS International), captou US$ 3,4 bilhões em financiamentos, também com vistas à expansão na região.

    Em paralelo, novos investimentos estão no horizonte. A australiana Firmus Technologies, por meio de sua filial em Singapura, está buscando um empréstimo privado de US$ 120 milhões. Já a indiana Yotta Data Services negocia com fundos privados para captar aproximadamente US$ 500 milhões, visando à construção de parques tecnológicos voltados para a hospedagem de dados.

    Para Yemi Tepe, sócio da Morrison Foerster, especializado em transações financeiras tecnológicas, "o aumento da demanda por capacidade nos centros de dados atrai cada vez mais um grupo diversificado de investidores e provedores de capital na Ásia-Pacífico". Tepe observa ainda que, tradicionalmente, grandes bancos eram os principais financiadores desses projetos, mas agora "fundos de crédito privado e fundos de infraestrutura têm expandido as opções de financiamento".

    O estado malaio de Johor, na fronteira com Singapura, tem sido particularmente beneficiado, com cerca de 30 centros de dados já construídos ou em construção e outros 20 aguardando aprovação. Na Tailândia, o governo anunciou recentemente a aprovação de US$ 5,9 bilhões em investimentos, incluindo projetos significativos na área de dados.

    Conflitos geopolíticos aumentam os riscos 

    Os riscos aumentam diante das incertezas decorrentes das políticas tarifárias dos EUA, que podem afetar diretamente o fornecimento de componentes essenciais ao funcionamento desses centros. Produtos como semicondutores, altamente dependentes das cadeias produtivas asiáticas, estão sob ameaça potencial de novas tarifas, o que poderia resultar em interrupções e custos mais altos.

    Para Tepe, essas ameaças geopolíticas "podem levar a custos maiores de financiamento, menor confiança dos investidores e aumento do risco de crédito para financiadores". Além disso, ele destaca que "investidores podem exigir prêmios de risco maiores ou optar por se desfazer de projetos ligados a entidades chinesas, freando o crescimento do mercado de centros de dados no Sudeste Asiático".

    Aceleração do mercado tecnológico na China

    Em paralelo, a China vem acelerando seus esforços tecnológicos para reduzir a dependência externa. Recentemente, gigantes como Tencent e startups inovadoras, a exemplo da DeepSeek e da Manus, lançaram modelos de inteligência artificial altamente competitivos. 

    Além disso, o país aposta em tecnologias abertas, como a arquitetura de chips RISC-V, numa tentativa de blindar sua indústria contra as pressões externas e possíveis embargos tecnológicos impostos pelos Estados Unidos e aliados.

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