247 – O Ministério das Relações Exteriores está atuando junto a embaixadores paraguaios para evitar que uma suposta espionagem por parte da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo de Jair Bolsonaro prejudique os laços diplomáticos entre os dois países. A informação foi divulgada nesta quinta-feira (3) pela embaixadora Gisela Padovan, secretária de América Latina e Caribe.
Segundo Gisela, o governo brasileiro lamenta o episódio. “Não nos passaria pela cabeça espionar um país amigo”, afirmou. “Nós estamos trabalhando com as nossas contrapartes paraguaias para que isso não empane uma relação que é tão vigorosa, tão boa e histórica como nossa relação com o Paraguai”.
A suposta operação da Agência Brasileira de Inteligência teria mirado sistemas do governo paraguaio e autoridades envolvidas nas negociações da usina de Itaipu. De acordo com o Itamaraty, a operação teria sido encerrada em 2023, após o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tomar conhecimento do caso.
As declarações de Padovan acontecem às vésperas da Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), que contará com a participação de Lula e de representantes do Paraguai.
Ainda nesta quinta, o Ministério Público do Paraguai determinou a abertura de um inquérito para apurar a denúncia de invasão de sistemas por parte da Abin.&nbsp;
O caso veio à tona após um agente da própria Abin relatar à Polícia Federal que a agência teria realizado ataques hackers para acessar informações sobre a negociação envolvendo a venda de energia pela Itaipu. O depoimento ocorreu no âmbito da investigação brasileira sobre o uso indevido da Abin na gestão Bolsonaro e foi revelado pelo jornalista Aguirre Talento, do UOL.

Bianca Penteado

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América Latina

Itamaraty e embaixadores paraguaios trabalham juntos para evitar crise diplomática após suposta espionagem

247 - O alto escalão do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) analisa a escalada de tensão provocada pelo governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro, que, segundo fontes diplomáticas, parece estar "escalando sozinho" uma crise com o Brasil. Segundo o jornal <a href="https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2024/10/30/governo-lula-ve-maduro-escalando-sozinho-a-crise-e-cupula-do-executivo-avalia-reacao.ghtml">O Globo</a>, apesar dos ataques à figura do presidente e à diplomacia brasileira, os interlocutores envolvidos na discussão consideram que tanto o Planalto quanto o Itamaraty devem optar pelo silêncio, a fim de preservar a comunicação com Maduro e a oposição venezuelana.
Nesta quarta-feira (30), o governo da Venezuela chamou seu embaixador no Brasil para consulta e ao mesmo tempo convocou o encarregado de negócios brasileiro em Caracas por "declarações intervencionistas" do governo brasileiro, segundo comunicado do Ministério das Relações Exteriores venezuelano.
A ação, um sinal de descontentamento diplomático, ocorre após o veto informal do Brasil à entrada da Venezuela no BRICS, uma decisão que Maduro não escondeu seu inconformismo. Um comunicado do Ministério das Relações Exteriores da Venezuela criticou abertamente o assessor para assuntos internacionais do Planalto, Celso Amorim, chamando-o de "mensageiro do imperialismo norte-americano" e acusando-o de emitir juízos sobre questões que, segundo eles, deveriam ser de responsabilidade exclusiva dos venezuelanos.
A palavra "interlocução" foi utilizada repetidamente por Amorim na última terça-feira (29), quando justificou a posição do Brasil de manter um silêncio estratégico e permitir que Maduro e seus auxiliares falassem sozinhos. Durante uma audiência pública na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, Amorim reconheceu o "mal-estar" nas relações entre os dois países e enfatizou a importância de o Brasil continuar a se posicionar como um interlocutor na Venezuela, apesar dos atritos diplomáticos que se intensificaram após as eleições presidenciais no país vizinho.
"Se o Brasil quiser ter uma influência positiva [na Venezuela], precisamos manter uma interlocução. Estamos mantendo uma interlocução, mas o nível dela diminuiu desde a eleição", afirmou Amorim, referindo-se à necessidade de diálogo contínuo, mesmo em um cenário de tensões.
A crise se acentuou após o anúncio, em 28 de julho, do Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela, que declarou a vitória de Maduro nas eleições. A oposição, por sua vez, alegou que o verdadeiro vencedor foi Edmundo González, que fugiu para a Espanha para evitar prisão, o que gerou ainda mais incerteza e desconfiança nas relações bilaterais.
Na segunda-feira, Maduro atacou diretamente o Itamaraty em seu programa semanal de televisão, acusando-o de ser um "poder dentro do poder" no Brasil e de conspirar contra a Venezuela por muitos anos, associando a chancelaria brasileira ao Departamento de Estado dos Estados Unidos desde a época do golpe de Estado contra João Goulart.
Para um embaixador de destaque, "doeu o Brics, e eles [os venezuelanos] não sabem disfarçar". Ao ser questionado sobre a situação durante a audiência pública, Amorim reiterou que a entrada da Venezuela no bloco, neste momento, não contribuiria para o funcionamento efetivo do BRICS, o que repercutiu de forma negativa junto ao governo venezuelano.

Brasil

Governo Lula vê Maduro escalando crise diplomática 'sozinho' e analisa reação

247 - O rei da Espanha, Felipe VI, não receberá o presidente argentino, Javier Milei, durante a visita do mandatário ultralibertário ao país europeu. Milei havia solicitado uma audiência com o chefe de Estado espanhol, mas a crise diplomática entre os países vem se aprofundando. Ele vai à Espanha nesta sexta-feira (21).&nbsp;
No entanto, Milei será recebido pela chefe regional de Madrid e membro do principal partido de direita da oposição, o Partido Popular, Isabel Diaz Ayuso. Felipe VI reuniu-se com Milei durante a posse do presidente argentino, em dezembro, e voltou a encontrá-lo na posse do presidente salvadorenho, Nayib Bukelen, em junho.
Uma disputa diplomática entre Argentina e Espanha eclodiu em maio, depois que o ministro dos Transportes espanhol, Oscar Puente, sugeriu que Milei havia usado substâncias ilegais durante sua campanha presidencial. Em resposta, o líder argentino atacou as políticas do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez, e chamou sua esposa de "corrupta". Madri exigiu um pedido público de desculpas do presidente e convocou o embaixador da Argentina. O secretário de imprensa de Milei disse que o presidente não se desculparia, observando que era Madri quem deveria se desculpar com ele.

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Rei da Espanha recusa audiência com Milei em meio à crise diplomática