<p><a href="https://www.brasildefato.com.br/2024/11/01/caso-marielle-precisa-demantelar-redes-milicianas-no-rio-de-janeiro-diz-ong-justica-global"><b>Por Letycia Holanda, do Brasil de Fato - </b></a>"É difícil falar em justiça, pois Marielle deveria estar aqui, viva e atuando politicamente com sua vida íntegra. A partir da violação que ela sofreu, esperamos que esse julgamento – e o futuro julgamento dos mandantes – além de resultar no aprisionamento dos culpados, leve ao desmanche da organização criminosa sediada no Rio de Janeiro", afirma Gláucia Marinho, diretora-executiva da ONG Justiça Global, integrante do Comitê Justiça por Marielle.</p>
<p>Seis anos e sete meses após o assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes, os ex-sargentos da Polícia Militar (PM) do Rio de Janeiro Ronnie Lessa e Élcio Queiroz foram condenados pelo homicídio em um júri popular, nesta quinta-feira (31). Lessa recebeu uma sentença de 78 anos e 9 meses de prisão, enquanto Queiroz foi condenado a 59 anos. Ambos terão de pagar pensões e indenizações de R$ 706 mil aos familiares das vítimas.</p>
<p>O julgamento expôs, mais uma vez, a ligação entre milícias e estruturas de poder no Rio de Janeiro, revelando uma rede de corrupção e violência que persiste, apesar das denúncias. O episódio desta sexta-feira (1) do podcast Três Por Quatro, produzido pelo Brasil de Fato e apresentado pelos jornalistas Nara Lacerda e Nicolau Soares, discute os novos desdobramentos do caso, as recentes condenações, o poder das milícias e a importância da mobilização popular na busca por justiça.</p>
<p>Segundo João Pedro Stédile, comentarista-fixo do podcast e líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), "a justiça nunca será alcançada, pois as vidas não voltarão", mas o processo e o encarceramento dos réus servem para mostrar que "não há impunidade para futuros pistoleiros".</p>
<p>Além de Gláucia Marinho e Stédile, o episódio conta com Carolina Christoph Grillo, professora e coordenadora do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (GENI) da Universidade Federal Fluminense (UFF), para discutir as dinâmicas de poder que sustentam o domínio das milícias no Estado.</p>
<p>Marielle, vereadora pelo Psol, foi brutalmente assassinada em 14 de março de 2018, ao retornar de um encontro de mulheres negras na Lapa, no Rio de Janeiro. No ataque, seu motorista, Anderson, também foi atingido e morreu. Fernanda Chaves, assessora da vereadora, foi ferida por estilhaços, mas sobreviveu. Os três foram surpreendidos por Lessa e Queiroz, que alvejaram o carro onde estavam.</p>
<p>O crime foi meticulosamente planejado durante três meses, de acordo com o Ministério Público do Rio de Janeiro. Marielle, uma voz ativa contra as milícias e as irregularidades fundiárias, tornou-se uma ameaça direta aos interesses dos irmãos Chiquinho Brazão, ex-deputado estadual, e Domingos Brazão, ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), apontados como mandantes do crime pelos atiradores.</p>
<p>"É muito importante que esse julgamento esteja finalmente acontecendo. Afinal, eles são réus confessos de um crime brutal, e há uma sensação de justiça, mas que ainda depende da responsabilização dos mandantes do crime", diz Carolina.</p>
<p>Gláucia reforça a importância do combate a grupos milicianos, não apenas para condenar e responsabilizar todos os envolvidos neste caso, mas para que "os seis anos de espera e de luta por justiça sirvam para que crimes como o que ocorreu contra Marielle e Anderson não se repitam".</p>
<h3>Estado e milícias: um pacto sombrio</h3>
<p>A relação entre o poder estatal e as milícias é um ponto-chave na investigação do caso Marielle. As milícias do Rio de Janeiro atuam além do controle armado de territórios, configurando um "urbanismo miliciano", que combina o poder econômico com a gestão de áreas urbanas. Conforme apurou a Polícia Federal, os irmãos Brazão, se beneficiaram diretamente dessa rede de grilagem e ocupação de terras públicas, áreas muitas vezes "legalizadas" pela própria Câmara Municipal, na qual têm aliados próximos.</p>
<p>Para Stédile, a atuação das milícias na cidade expõe a fragilidade da fiscalização pública. "O caso Marielle simboliza não apenas a omissão do Estado, mas sua aliança com grupos que o utilizam para seus próprios interesses", afirma.</p>
<p>Nesse contexto, Carolina reforça como as ações milicianas em terras cariocas, além de criminosas, fazem parte da questão fundiária, potencializada pelo déficit habitacional no Rio de Janeiro. Ela alerta para a gravidade dessa dinâmica: "A presença do Estado em territórios controlados por milícias é marcada pela conivência e, em muitos casos, pela participação ativa de agentes públicos que colaboram diretamente com esses grupos criminosos."</p>
<p>Segundo a liderança do MST, o caso Marielle deveria conscientizar a população sobre "crimes políticos encomendados". Stédile observa que essa estrutura se alimenta da ausência de políticas públicas efetivas e da cooptação de agentes do Estado, desde policiais até legisladores.</p>
<p>"No Rio de Janeiro, crimes encomendados, disputas de território e até mesmo os negócios das milícias já são vistos como parte da rotina. Precisamos analisar profundamente por que o Estado não apenas permite, mas, às vezes, também colabora com esses grupos", aponta ele.</p>
<h3>Legado de Marielle</h3>
<p>Nascida e criada no Complexo da Maré, Marielle foi uma figura central na política carioca e nacional, destacando-se por sua atuação em defesa de mulheres, negros, LGBTQIAPN+ e moradores de favelas. Algumas das pautas defendidas pela vereadora incluíam a preservação de áreas cuja exploração era inapropriada, a destinação à moradia popular de terras ociosas ocupadas por famílias em situação de rua e a manutenção de espaços onde minorias fossem ouvidas e assistidas.&nbsp;</p>
<p>A mobilização em torno de sua memória ultrapassou fronteiras e consolidou-se como uma defesa coletiva da democracia e dos direitos civis. Gláucia enfatiza: "A luta por justiça para Marielle é também uma luta pelo direito à vida, à moradia digna e à participação política de todas as pessoas, especialmente de mulheres, negros e moradores de favelas". O caso atraiu atenção internacional e evidenciou a urgência de medidas para proteger políticos que enfrentam o poder das milícias.</p>
<p>A diretora da Justiça Global destaca que a condenação dos assassinos de Marielle e Anderson pode não encerrar totalmente do caso, mas sim um marco para as famílias e para a sociedade civil, que lutam para que tais crimes não fiquem impunes. "Esperamos que a condenação não seja apenas uma resposta imediata, mas que ajude a desmantelar as estruturas criminosas que operam nas entranhas do Estado", conclui Gláucia.</p>
<p>Novos episódios do Três por Quatro são lançados toda sexta-feira pela manhã, discutindo os principais acontecimentos e a conjuntura política do país e do mundo.</p>

original

1250x600

610x380

1280x490

300x400

500x240

321x200

square

320x320

thumbnail

viewImage

Sudeste

Caso Marielle precisa desmantelar redes milicianas no Rio de Janeiro, diz ONG Justiça Global

<p><b>247 – </b>Em entrevista ao programa <i>Bom Dia 247</i>, a deputada federal e candidata a prefeita da cidade de Niterói, Taliria Petrone (PSOL-RJ) destacou a gravidade da influência das milícias no Rio de Janeiro e defendeu a necessidade de um enfrentamento decisivo por parte do Estado. A parlamentar enfatizou a importância de ações em nível federal para combater esses grupos criminosos, propondo, inclusive, uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que permitiria o deslocamento de crimes relacionados à milícia para a Justiça Federal.</p>
<p>Taliria abordou o domínio das milícias no cenário político e a corrupção que assola o estado do Rio de Janeiro, onde vários governadores foram presos nos últimos anos, exceto Benedita da Silva. “O crime governa o Rio de Janeiro”, afirmou. Ela apontou que esse cenário representa uma das maiores ameaças para a superação dos conservadorismos e defendeu a necessidade de rastrear e interromper o fluxo de dinheiro que sustenta esses grupos.</p>
<p>A deputada também sublinhou a relevância de unir as forças progressistas fora do período eleitoral para continuar a disputa política em áreas historicamente marginalizadas, como favelas e periferias. Ela criticou a falta de presença estatal nessas regiões e a prevalência de um “Estado penal”, que reprime mas não garante direitos básicos à população.</p>
<p>Em relação à política nacional, Taliria expressou seu compromisso com a reconstrução do país sob a liderança do presidente Lula. Ela enfatizou a importância de unidade entre os partidos de esquerda e destacou que, apesar de divergências internas, o PSOL tem apoiado o governo Lula. Ela também saiu em defesa do deputado Glauber Braga, criticado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, e reiterou o apoio integral da esquerda ao parlamentar.</p>
<p>“Lira é uma expressão do ataque à democracia”, afirmou a deputada, condenando as ações do presidente da Câmara, como a implementação do orçamento secreto e a condução autoritária das sessões na Casa. Segundo Taliria, é fundamental superar o ciclo de Arthur Lira no Congresso para fortalecer a democracia no país.</p>
<p>Encerrando sua participação, Taliria reforçou seu compromisso com a reorganização da esquerda brasileira e destacou a importância das eleições municipais nesse contexto. Ela concluiu reafirmando sua disposição para lutar por um Brasil mais democrático e justo.</p>
<p>A entrevista da deputada Taliria Petrone reflete a urgência de ações concretas contra o avanço do crime organizado e a importância de unir forças para consolidar a democracia e garantir os direitos da população, especialmente nas áreas mais vulneráveis. Assista:</p>
<div class="embed-block"><div><div style="left: 0; width: 100%; height: 0; position: relative; padding-bottom: 56.25%;"><iframe src="//cdn.iframe.ly/api/iframe?url=https%3A%2F%2Fwww.youtube.com%2Flive%2Fz03xTktdg_E%3Fsi%3DIPbfHbrAmBSMarPw&key=87ca3314a9fa775b5c3a7726100694b0" style="top: 0; left: 0; width: 100%; height: 100%; position: absolute; border: 0;" allowfullscreen scrolling="no" allow="accelerometer *; clipboard-write *; encrypted-media *; gyroscope *; picture-in-picture *; web-share *;"></iframe></div></div></div>
<p>&nbsp;</p>

Dafne Ashton

Entrevistas

Taliria Petrone defende enfrentamento mais amplo às milícias

<p><b>247</b> - O miliciano Rui Paulo Gonçalves Estevão, de 33 anos, conhecido como Pipito e apontado como chefe da maior milícia do Rio, foi morto durante uma troca de tiros com policiais na noite desta sexta-feira (7), na favela do Rodo em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio. Dois seguranças dele foram baleados.</p>
<p>Representantes da Subsecretaria de Inteligência (Ssinte) da Polícia Civil e outras pessoas que integram a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) foram os responsáveis pela operação. </p>
<p>A Rio Ônibus informou que três ônibus foram sequestrados e utilizados como barricadas na Avenida Antares, em Santa Cruz.</p>

Pipito, em foto recente; criminoso foi baleado e socorrido para um hospital da Zona Oeste

360x640

Pipito, tido como chefe da maior milícia do Rio, é morto em troca de tiros com a polícia

<p><b>247</b> - Parlamentares demonstraram apoio à decisão da Procuradoria-Geral da República após denunciar o ex-deputado federal Chiquinho Brazão (ex-União Brasil-RJ), o ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Rio (TCE-RJ) Domingos Brazão e o ex-chefe da Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa por envolvimento no assassinato da ex-vereadora da capital Marielle Franco (PSOL), morta por integrantes do crime organizado em março de 2018 num lugar sem câmeras na região central do município. </p>
<p>De acordo com o deputado federal Tarcísio Motta (PSOL-RJ), a decisão da PGR foi "mais um passo na elucidação do caso Marielle!". "A denúncia da PGR, que corrobora a prisão dos Brazão e de Rivaldo Barbosa e acusa mais dois, comprova que, enquanto houver cumplicidade dos políticos, não haverá limites pra milícia. É preciso dar um basta! Com milícia não tem jogo". </p>
<p>A deputada estadual Renata Souza (PSOL-RJ) também comentou sobre o tema. "Diz o documento da Procuradoria Geral da República sobre o caso Marielle: 'Foram nas divergências sobre as políticas urbanísticas e habitacionais que os irmãos Brazão perceberam a necessidade de executar a vereadora[...] Marielle se tornou a principal opositora e o mais ativo símbolo da resistência aos interesses econômicos dos irmãos. Matá-la significava eliminar de vez o obstáculo e, ao mesmo tempo, dissuadir outros políticos do grupo de oposição a imitar-lhe a postura'. Não vamos dar nenhum passo atrás, Marielle! Nós somos do PSOL! O partido que tem a vocação de defender as trabalhadoras e os trabalhadores! De combater o crime organizado! E sempre na defesa dos direitos humanos!".</p>
<p>"Um passo muito importante no caso Marielle", escreveu a deputada estadual Talíria Petrone (PSOL-RJ). "Que seja este um caminho para verdadeiras respostas aos familiares e amigos de Marielle e Anderson!".</p>
<p>A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) disse que a população começou a "ver a luz no fim deste túnel". "Justiça para Marielle e Anderson!".</p>
<div class="embed-block"><blockquote class="twitter-tweet"><p lang="pt" dir="ltr">Mais um passo na elucidação do caso Marielle! A denúncia da PGR, que corrobora a prisão dos Brazão e de Rivaldo Barbosa e acusa mais dois, comprova que, enquanto houver cumplicidade dos políticos, não haverá limites pra milícia. É preciso dar um basta! COM MILÍCIA NÃO TEM JOGO! <a href="https://t.co/XZNdsEy3hk">pic.twitter.com/XZNdsEy3hk</a></p>— Tarcísio Motta (@MottaTarcisio) <a href="https://twitter.com/MottaTarcisio/status/1788536903072993558?ref_src=twsrc%5Etfw">May 9, 2024</a></blockquote> <script async src="https://platform.twitter.com/widgets.js" charset="utf-8"></script></div>
<p> </p>
<div class="embed-block"><blockquote class="twitter-tweet"><p lang="pt" dir="ltr">Diz o documento da Procuradoria Geral da República sobre o caso Marielle: "Foram nas divergências sobre as políticas urbanísticas e habitacionais que os irmãos Brazão perceberam a necessidade de executar a vereadora[...] Marielle se tornou a principal opositora e o mais ativo…</p>— Renata Souza (@renatasouzario) <a href="https://twitter.com/renatasouzario/status/1788706566889255022?ref_src=twsrc%5Etfw">May 9, 2024</a></blockquote> <script async src="https://platform.twitter.com/widgets.js" charset="utf-8"></script></div>
<p> </p>
<div class="embed-block"><blockquote class="twitter-tweet"><p lang="pt" dir="ltr">Um passo muito importante no caso Marielle: A PGR denunciou os irmãos Brazão e o delegado Rivaldo Barbosa, envolvidos nesse crime absurdo.<br/><br/>Que seja este um caminho para verdadeiras respostas aos familiares e amigos de Marielle e Anderson! <a href="https://t.co/HkLkRvxg5s">pic.twitter.com/HkLkRvxg5s</a></p>— Talíria Petrone (@taliriapetrone) <a href="https://twitter.com/taliriapetrone/status/1788599851707514960?ref_src=twsrc%5Etfw">May 9, 2024</a></blockquote> <script async src="https://platform.twitter.com/widgets.js" charset="utf-8"></script></div>
<p><br/></p>
<div class="embed-block"><blockquote class="twitter-tweet"><p lang="pt" dir="ltr">Presos desde março, os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão e o delegado Rivaldo Barbosa foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República sob acusação de ordenar os assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes. Um ex-assessor de Domingos, Robson Calixto da Fonseca, o… <a href="https://t.co/5ojNyxo8tU">pic.twitter.com/5ojNyxo8tU</a></p>— Jandira Feghali 🇧🇷🚩 (@jandira_feghali) <a href="https://twitter.com/jandira_feghali/status/1788567346929418410?ref_src=twsrc%5Etfw">May 9, 2024</a></blockquote> <script async src="https://platform.twitter.com/widgets.js" charset="utf-8"></script></div>

Tag: milicias

Caso Marielle precisa desmantelar redes milicianas no Rio de Janeiro, diz ONG Justiça Global

Taliria Petrone defende enfrentamento mais amplo às milícias

Pipito, tido como chefe da maior milícia do Rio, é morto em troca de tiros com a polícia

Políticos apoiam denúncia da PGR contra envolvidos no caso Marielle: 'é preciso dar um basta! Com milícia não tem jogo'