Cid Moreira deserdou filhos em testamento e tentou reverter adoção, revela e-mail
Jornalista manifestou arrependimento ao filho adotivo em e-mail e documentou decisão de deserdá-lo
247 - O apresentador Cid Moreira, que faleceu aos 97 anos na última quinta-feira, deixou um testamento público que exclui seus dois filhos, Roger e Rodrigo, de qualquer direito à herança. A informação foi divulgada pela Folha de S. Paulo, que revelou um e-mail escrito por Moreira ao filho adotivo Roger, há cerca de dez anos, no qual ele expressava arrependimento pela adoção e detalhava suas ações para deserdá-lo.
No e-mail, Moreira afirmou que "vivia em paz" e que já havia deserdado Roger formalmente. "Você continua sendo meu filho adotivo porque não consegui reverter a adoção. Eu fiz um documento e deserdei você. Escrevi de próprio punho e assinei", relatou o jornalista. A motivação por trás dessa decisão, segundo a reportagem, foram declarações que Roger havia feito à imprensa, que levaram Moreira a afirmar que "foi um engano te adotar".
Roger, que é sobrinho de Ulhiana Naumtchyk, terceira esposa de Cid Moreira, foi adotado pelo casal aos 20 anos. Nenhum dos filhos compareceu ao velório do pai, de acordo com informações do Folha.
Em paralelo, o jornal O Globo noticiou que, horas após a morte de Moreira, Roger e Rodrigo entraram com um pedido judicial para a abertura do inventário do apresentador, buscando acesso integral ao testamento. A disputa entre pai e filhos já havia se desenrolado nos últimos anos, com os dois movendo uma ação judicial contra Cid e sua atual esposa, Fátima Sampaio Moreira, que acabou arquivada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro em 2023.
Os filhos alegam que são "pobres na expressão da palavra" e, por isso, solicitaram gratuidade no processo. O advogado que representa Roger e Rodrigo estima que o patrimônio deixado por Moreira chegue a R$ 60 milhões, divididos entre R$ 40 milhões em imóveis e R$ 20 milhões em contratos relacionados a direitos autorais.
A defesa de Fátima Sampaio Moreira criticou a postura dos filhos, considerando "lamentável e inoportuna" a abertura do inventário poucas horas após a morte do apresentador. "A postura demonstra, de forma indisfarçável, que eles nunca tiveram interessados em outra coisa senão o patrimônio do pai", declarou o advogado Saldaño, em entrevista à Folha de S. Paulo. Ele ainda acrescentou que Moreira, amparado por laudos médicos anuais comprovando sua capacidade civil, revisava o testamento constantemente para manter sua vontade de deserdar os filhos com base na "indignidade" prevista no Código Civil brasileiro.
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