Trump indica sobretaxação de produtos agrícolas, o que preocupa exportadores brasileiros, mas pode beneficiar o país
Se os EUA enfrentarem retaliações comerciais, o Brasil pode se beneficiar, mas empresários ainda veem o cenário com cautela
247 - A investida protecionista do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra os mercados internacionais não se limita mais ao setor de aço e alumínio. Segundo informações do jornal O Globo, o mandatário norte-americano anunciou a imposição de tarifas de 25% sobre produtos do Canadá e do México, além de um acréscimo de 10% para a China. Agora, o setor agropecuário também entra na mira, o que pode impactar exportadores brasileiros.
O Brasil, que já enfrenta dificuldades com as tarifas sobre o aço — sendo o segundo maior fornecedor do metal para os EUA —, agora precisa lidar com a possibilidade de restrições no setor de alimentos. A partir do dia 2 de abril, os produtos agropecuários estrangeiros poderão sofrer novas sobretaxas, uma estratégia de Trump para fortalecer a produção interna e agradar seus eleitores do agronegócio.
"Para os grandes fazendeiros dos Estados Unidos: preparem-se para começar a produzir muitos produtos agrícolas para serem vendidos dentro dos Estados Unidos. As tarifas serão aplicadas sobre produtos externos no dia 2 de abril. Divirtam-se!", escreveu Trump na rede social Truth Social.
Efeito sobre o Brasil: risco ou oportunidade? - Embora os Estados Unidos não sejam o principal destino das exportações de alimentos do Brasil, os dois países são concorrentes diretos em importantes commodities, como soja e milho. Dessa forma, caso as tarifas de Trump provoquem retaliações da Europa e da China, o agronegócio brasileiro pode acabar se beneficiando ao ocupar espaços deixados pelos americanos.
No entanto, o setor encara com cautela a nova onda de protecionismo dos EUA. Empresários brasileiros avaliam que qualquer instabilidade no mercado global pode trazer riscos às exportações e afetar a precificação dos produtos no exterior.
Ainda não está claro quais produtos serão atingidos pelas tarifas e se haverá exceções. O governo Trump já anunciou medidas semelhantes para setores como automotivo, farmacêutico, semicondutores, madeira e cobre, sob o argumento de proteger a indústria nacional.
Tarifas podem agravar a inflação nos EUA - Apesar de Trump justificar as tarifas como um mecanismo de defesa da economia americana, especialistas alertam para os riscos inflacionários da medida. Com impostos mais altos sobre produtos importados, os preços internos tendem a subir, o que pode gerar um efeito cascata no custo de vida dos americanos.
Na semana passada, o investidor bilionário Warren Buffett advertiu que tarifas de importação tendem a elevar os preços ao consumidor, tornando produtos mais caros. Em entrevista à CBS, ele afirmou: "as tarifas são, na verdade, um ato de guerra, de certa forma".
Um estudo do Anderson Economic Group, divulgado recentemente, estima que as tarifas sobre México e Canadá podem elevar em até US$ 12 mil o preço dos automóveis nos EUA. No mercado financeiro, o dólar perdeu força frente ao euro, enquanto as bolsas europeias registraram altas, impulsionadas por expectativas em relação a um possível plano de paz entre Rússia e Ucrânia.
Trump acena para a Argentina - Apesar da postura hostil contra parceiros comerciais tradicionais, Trump indicou que poderia negociar um acordo de livre comércio com a Argentina. Segundo o La Nación, o presidente americano elogiou Javier Milei, chamando-o de "um grande líder".
Milei, que já manifestou interesse em estreitar laços comerciais com os EUA, esbarra, no entanto, nas limitações impostas pelo Mercosul. O bloco não permite que seus membros negociem tratados bilaterais sem o aval conjunto dos demais integrantes, como Brasil, Uruguai e Paraguai.
Com as novas medidas protecionistas de Trump, o Brasil enfrenta um cenário desafiador para seus setores industriais e agropecuários. Enquanto alguns enxergam oportunidades em um possível redirecionamento do comércio global, outros temem que o aumento de tarifas provoque turbulências nos mercados e encareça produtos essenciais para a economia brasileira.
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