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      Banco Central Argentino intensifica vendas de reservas internacionais

      Instituição já liquidou mais de $1,6 bilhão em duas semanas, mesmo após anúncio de novo desembolso do FMI

      Milei durante entrevista à TV argentina (Foto: Reprodução)
      Luis Mauro Filho avatar
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      247 - O Banco Central da República Argentina (BCRA) voltou a vender reservas nesta sexta-feira (28), desembolsando $192 milhões e alcançando a décima sessão consecutiva com saldo negativo. 

      Essa sequência resultou em uma redução superior a U$S1,6 bilhão nas últimas duas semanas, levando as reservas brutas a caírem $447 milhões e a se situarem abaixo da marca dos $26 bilhões. A informação é do canal argentino C5N.

      A autoridade monetária comandada por Santiago Bausili acelerou a atuação no mercado à vista, registrando um volume operado de $586,896 milhões. 

      A movimentação coincidiu com pagamentos a credores internacionais — entre eles, $120 milhões ao Clube de Paris — e antecipações de operações típicas do fim de mês por parte dos bancos, conforme apurou o portal Ámbito.

      Apesar da confirmação, por parte do Fundo Monetário Internacional (FMI), de um novo desembolso de U$S20 bilhões, a falta de transparência quanto aos termos do acordo e os rumores sobre mudanças no regime cambial — que poderiam substituir o atual modelo de desvalorização gradual de 1% ao mês — provocaram tensão nos mercados e pressionaram o BCRA a intensificar suas intervenções.

      Desde o dia 14 de março, a autoridade monetária acumula sessões vendedoras ininterruptas, configurando a série mais significativa desde o período entre junho e julho de 2023. Com isso, as reservas internacionais do país caíram de $28,088 bilhões para $25,775 bilhões — uma redução de $2,313 bilhões e o menor patamar registrado nos últimos 14 meses. Em 30 de janeiro de 2024, as reservas estavam em U$S25,108 bilhões.

      Somente nesta semana, as vendas do Banco Central no mercado à vista somaram $433 milhões ao longo de quatro sessões. Já no mês de março, o total vendido alcança $1,013 bilhão, encerrando uma sequência de sete meses consecutivos com saldo positivo — o último déficit havia ocorrido em julho de 2024, quando as reservas recuaram $180 milhões.

      Javier Milei: austeridade e riscos sociais

      Desde que assumiu a presidência, Javier Milei tem conduzido a Argentina por um caminho de reformas radicais inspiradas em doutrinas ultraliberais. A política econômica adotada pelo governo inclui cortes profundos nos gastos públicos, desmonte de políticas sociais, desregulamentações generalizadas e promessas de privatizações em massa. 

      No entanto, o impacto social dessas medidas tem sido devastador para amplos setores da população. O fim de subsídios à energia, à alimentação e ao transporte público, combinado ao aumento da inflação, agravou o custo de vida. O governo também reduziu transferências sociais e congelou salários, ao mesmo tempo em que flexibilizou direitos trabalhistas e eliminou regulações de proteção ao consumidor.

      A dependência crescente do país em relação a empréstimos internacionais — como o novo pacote solicitado ao FMI — escancara a fragilidade da estratégia econômica em curso. A erosão das reservas cambiais, em paralelo ao agravamento da pobreza e à instabilidade cambial, põe em xeque a sustentabilidade do modelo econômico proposto por Milei e levanta dúvidas sobre os efeitos de longo prazo dessa abordagem.

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