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    Em crise, argentinos buscam consumo de importados e inflação preocupa

    Estratégia de Milei forteleceu o peso, mas gera temor sobre reservas cambiais e potencial pressão inflacionária

    Presidente da Argentina, Javier Milei, discursa em evento, em Montevidéu, no Uruguai - 06/12/2024 (Foto: REUTERS/Mariana Greif)
    Luis Mauro Filho avatar
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    247 - As importações argentinas cresceram rapidamente nos últimos meses devido à estratégia econômica adotada pelo presidente libertário Javier Milei, que fortaleceu o peso e flexibilizou restrições ao comércio externo. Segundo reportagem do Financial Times, as importações aumentaram 30% no último semestre, refletindo a abertura econômica do país.

    Massas italianas, pão brasileiro e manteiga uruguaia já são itens comuns nos supermercados argentinos, que quase dobraram as importações de alimentos nos dois primeiros meses de 2025. As compras de painéis solares chineses cresceram dez vezes, enquanto agricultores quadruplicaram a aquisição de tratores importados.

    Embora a política de Milei tenha ajudado a conter a inflação, especialistas alertam que os riscos são altos, sobretudo devido às escassas reservas internacionais do país. O superávit comercial mensal, que ultrapassava US$ 1 bilhão em 2024, caiu para US$ 224 milhões em fevereiro deste ano, gerando déficit em conta corrente desde junho passado.

    Ramiro Blázquez Giomi, analista da StoneX, destaca que "esse é o dano colateral da política cambial rígida". O presidente Milei busca agora um empréstimo do FMI, previsto para abril, para reforçar as reservas em dólares.

    Enquanto isso, empresários argentinos multiplicam as compras do exterior, especialmente da China, impulsionadas pela valorização do peso. “Estou comprando mais no exterior do que localmente agora, porque custa menos e é muito mais fácil”, afirmou Rubén Minond, dono da loja Tienda Bike.

    A indústria nacional já sente os impactos negativos, com líderes empresariais alertando para possíveis demissões no setor manufatureiro, que emprega quase 20% dos trabalhadores argentinos. Em resposta, o governo argumenta que as empresas precisam se adaptar para competir globalmente.

    Martín Rapetti, diretor do think-tank Equilibra, alerta que o país poderá enfrentar um aumento contínuo no déficit da conta corrente se o peso seguir valorizado. Por outro lado, Dante Sica, ex-ministro da Produção, acredita que o crescimento das exportações de petróleo e gás compensará o aumento das importações, preservando o saldo comercial.

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