EUA exigem que Argentina rompa linha de crédito com a China para ter apoio no FMI
Representante de Trump pressiona governo Milei a liquidar swap bilionário com Pequim; exigência reacende disputa geopolítica na América do Sul
247 - A disputa entre Estados Unidos e China por influência econômica na América Latina ganhou novo capítulo. Desta vez, o centro da tensão é a Argentina, que foi pressionada pelo governo dos EUA a encerrar sua linha de crédito com Pequim como condição para receber apoio em negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
A exigência foi feita por Maurice Claver Carone, enviado especial do presidente dos EUA, Donald Trump, para a América Latina. De acordo com ele, o swap cambial com a China — no valor de US$ 17,906 bilhões — deve ser eliminado para que os EUA apoiem qualquer novo acordo com o FMI.
“O que queremos garantir é que qualquer acordo alcançado com o Fundo Monetário Internacional acabe estendendo essa linha de crédito ou esse swap que eles têm com a China”, afirmou Claver Carone, em declarações reproduzidas pela imprensa internacional.
Pressão direta sobre Milei
A declaração do enviado de Trump ocorre em meio às negociações do governo argentino para viabilizar novos aportes do FMI. A fala é interpretada como uma imposição direta ao presidente Javier Milei, que vem conduzindo sua política externa com forte alinhamento a Washington.
O swap com a China representa hoje mais de 70% das reservas brutas do Banco Central argentino. Cancelá-lo, portanto, não apenas é financeiramente delicado, como pode comprometer a estabilidade cambial e os depósitos da população.
“O que queremos garantir é que nenhum acordo fechado com o Fundo Monetário Internacional acabe estendendo essa linha de crédito ou esse swap que eles têm com a China”, reforçou Claver Carone, classificando a linha de crédito como “extorsiva”.
Vencimentos à vista e risco de colapso
A pressão acontece em um momento especialmente sensível. O swap com a China tem vencimentos importantes no segundo semestre de 2025, e analistas estimam que a Argentina precisará pagar mais de US$ 4 bilhões até o final de junho.
Durante a primeira corrida cambial da gestão Milei, em 2024, a China havia prorrogado parte da dívida por um ano, dando alívio temporário ao governo argentino. Agora, os EUA querem impedir que essa operação se repita.
O temor em Washington é que novos aportes do FMI sejam desviados para honrar os compromissos com Pequim, fortalecendo a presença chinesa no país. A Casa Branca deseja limitar a influência da China na América Latina, e a Argentina — com sua crise fiscal crônica — tornou-se peça-chave nesse tabuleiro.
Dilema político e dependência
Para o governo Milei, a situação é delicada. Ao aceitar a imposição norte-americana, o presidente argentino poderá aprofundar a dependência do país em relação ao FMI e cortar relações com um parceiro estratégico. Por outro lado, insistir na aliança com Pequim pode significar a perda de apoio financeiro ocidental em um momento crítico.
Economistas locais alertam que a liquidação forçada do swap é praticamente impossível sem provocar um colapso nas reservas. Mesmo assim, a Casa Rosada ainda não comentou oficialmente sobre a nova exigência dos EUA.
Enquanto isso, o debate sobre soberania financeira, geopolítica e o papel da Argentina em um mundo multipolar volta ao centro da cena. A ofensiva norte-americana reforça o papel da Argentina como palco de disputas globais — e aumenta a pressão sobre Milei, que segue tentando equilibrar pragmatismo econômico com uma agenda ideológica alinhada a Washington.
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