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      Grupo de Puebla condena deportações massivas e sanções unilaterais dos EUA

      Coletivo progressista critica políticas migratórias e medidas contra Colômbia, defendendo união latino-americana contra ações "xenofóbicas e ilegais"

      Donald Trump (Foto: Carlos Barria / Reuters)
      Guilherme Levorato avatar
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      247 - O Grupo de Puebla, uma coalizão de líderes políticos e intelectuais progressistas da América Latina e Europa, manifestou forte repúdio às recentes deportações massivas de migrantes latino-americanos pelos Estados Unidos e às sanções unilaterais impostas pelo governo de Donald Trump contra a Colômbia. A declaração, divulgada nesta semana, classifica as ações estadunidenses como "inumanas, indignas e ilegais", destacando que violam acordos internacionais como o Estatuto de Refugiados de 1951 e compromissos regionais que garantem direitos básicos, como trabalho, educação e livre mobilidade.  

      "América Latina e o Caribe não podem se transformar em uma zona onde a migração é instrumentalizada para promover nacionalismos anacrônicos", afirma o comunicado. O grupo também critica as sanções à Colômbia, vistas como uma tentativa de criar um exemplo para os países da região que não aderem à política migratória restritiva e xenofóbica dos EUA.  

      União contra políticas regressivas - O Grupo de Puebla convocou as forças progressistas da região a se unirem para combater o que chamam de "conteúdo regressivo" da política externa norte-americana, exemplificado pela frase do presidente Donald Trump: "os Estados Unidos não precisam da América Latina". A coalizão defende a realização de uma Cúpula Presidencial da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) para reafirmar posições comuns contra medidas consideradas abusivas.  

      Entre os pontos destacados no manifesto estão:  

      • "Não" ao tratamento desumano e ilegal de migrantes latino-americanos;  
      • "Não às pretensões imperialistas sobre o Canal do Panamá e o Canadá;  
      • "Não" ao uso de sanções econômicas unilaterais para impor condições ideológicas;  
      • "Não" à renúncia de compromissos universais relacionados às mudanças climáticas;  
      • "Não" a medidas que afetem a soberania dos países da região sob pretextos de segurança doméstica dos EUA.  

      Vozes de peso na defesa dos direitos humanos - A declaração do Grupo de Puebla conta com o apoio de figuras proeminentes da política latino-americana, como Ernesto Samper, ex-presidente da Colômbia, e Rafael Correa, ex-presidente do Equador. 

      Além de líderes políticos, juristas e intelectuais de diversos países também assinaram o documento, incluindo a ex-ministra espanhola Irene Montero e o renomado jurista Baltasar Garzón. A participação de especialistas em Direito Internacional, como a brasileira Carol Proner, reforça a crítica às deportações e sanções, vistas como violações de acordos e normas globais.  

      Leia a manifestação do grupo na íntegra: 

      Rejeição unânime do Grupo de Puebla às deportações em massa de latino-americanos e às medidas unilaterais contra a Colômbia impostas pelo governo de Donald Trump

      O Grupo de Puebla manifesta sua preocupação com as deportações em massa de migrantes latino-americanos realizadas pelos Estados Unidos, considerando-as desumanas, indignas e ilegais. Trata-se de expulsões realizadas em condições degradantes e estigmatizantes, que ignoram obrigações jurídicas assumidas pelos Estados Unidos, como o Estatuto de Refugiados de 1951, além de normas regionais que garantem direitos humanos como o trabalho, a educação e a livre mobilidade dos cidadãos. A América Latina e o Caribe não podem se tornar uma zona onde a migração é instrumentalizada em prol de nacionalismos ultrapassados.

      Rejeitamos categoricamente as sanções unilaterais contra a Colômbia anunciadas pelo governo do presidente Trump, cujo objetivo evidente é mostrar um “caso exemplar” aos países da região que não se alinhem com a política xenófoba e ilegal que vem sendo implementada contra todos os migrantes latino-americanos, tratados como criminosos.

      Convocamos as vozes progressistas da região a trabalharem unidas para combater o conteúdo regressivo da nova política externa norte-americana, resumida na frase do presidente Trump: “Os Estados Unidos não precisam da América Latina”. Apoiamo-nos na convocação de uma Cúpula Presidencial da CELAC para declarar:

      • NÃO ao tratamento desumano e ilegal dos migrantes latino-americanos.
      • NÃO às pretensões imperialistas sobre o Canal do Panamá e o Canadá.
      • NÃO à utilização de sanções econômicas unilaterais para impor condições ideológicas.
      • NÃO à renúncia aos compromissos universais relacionados ao combate às mudanças climáticas.
      • NÃO às medidas que ameaçam a soberania dos países da América Latina e do Caribe sob o pretexto de segurança doméstica dos Estados Unidos.

      Assinam:

      • Ernesto Samper, ex-presidente, Colômbia.
      • Rafael Correa, ex-presidente, Equador.
      • Marco Enriquez-Ominami, ex-candidato presidencial e coordenador do Grupo de Puebla, Chile.
      • Maria Manuel Leitão Marques, ex-eurodeputada, Portugal.
      • Beatriz Paredes, ex-senadora, México.
      • Cecilia Nicolini, parlamentar do Mercosul, Argentina.
      • Maria José Pizarro, senadora, Colômbia.
      • Clara López, senadora, Colômbia.
      • Iván Cepeda, senador, Colômbia.
      • Ricardo Patiño, ex-chanceler, Equador.
      • Carlos Ominami, ex-ministro da Economia, Chile.
      • Camilo Lagos, presidente da Fundação Progresa, Chile.
      • Jorge Taiana, ex-ministro e ex-senador nacional, Argentina.
      • Andrés Arauz, ex-ministro e ex-candidato presidencial, Equador.
      • Mónica Xavier, ex-senadora e ex-presidente da Frente Ampla, Uruguai.
      • Aída García Naranjo, ex-ministra da Mulher e Desenvolvimento Social, Peru.
      • Verónika Mendoza, ex-candidata presidencial, Peru.
      • Irene Montero, ex-ministra da Igualdade e deputada do Parlamento Europeu, Espanha.
      • Gerardo Pisarello, político e jurista, Espanha.
      • Esther Burgos, advogada, México.
      • Juárez Tavares, advogado, Brasil.
      • Lina Mejía, advogada, Colômbia.
      • Silvina Romano, historiadora e comunicadora social, Argentina.
      • Elizabeth Gómez Alcorta, advogada, Argentina.
      • Damian Loreti, advogado, Argentina.
      • Charlotth Back, jurista, Brasil.
      • Larissa Ramina, advogada, Brasil.
      • Gisele Ricobom, advogada, Brasil.
      • Harold Correa, advogado e consultor, Chile.
      • Emilio Camacho, jurista, Paraguai.
      • Carol Proner, jurista, Brasil.
      • Baltasar Garzón, jurista, Espanha.
      • Enrique Santiago, político e advogado, Espanha.
      • Esmeralda Hernández, senadora, Colômbia.
      • Fernando Cedeño, deputado, Equador.
      • Ricardo Ulcuango, deputado, Equador.

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