Lula atua para conter crise com Paraguai após revelação de espionagem bolsonarista via Abin
Planalto orientou o Itamaraty a contatar o Paraguai sobre operação iniciada no governo Bolsonaro e interrompida nos primeiros meses da atual gestão
247 - O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) busca evitar uma crise diplomática com o Paraguai após a revelação de que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) realizou operações de espionagem contra a presidência paraguaia. Segundo a coluna do jornalista Valdo Cruz, do g1, o Palácio do Planalto orientou o Itamaraty a estabelecer contato com autoridades paraguaias para esclarecer o ocorrido.
De acordo com assessores presidenciais ouvidos pela reportagem, o presidente Lula está empenhado em esclarecer que a operação teve início durante o governo Jair Bolsonaro (PL) e foi interrompida nos primeiros meses da atual administração, enquanto ocorria a transição de comando na Abin.
O governo brasileiro também pretende reforçar que nenhuma informação obtida foi utilizada para obter vantagens nas negociações bilaterais sobre o valor da energia excedente vendida pelo Paraguai ao Brasil, tema sensível nas relações entre os dois países.
A repercussão do caso levou o Paraguai a solicitar explicações formais, convocando seu embaixador no Brasil e demandando posicionamento do representante diplomático brasileiro em Assunção.
Em nota divulgada na segunda-feira (31), o Ministério das Relações Exteriores negou qualquer envolvimento do atual governo em ações de espionagem contra autoridades paraguaias. O comunicado oficial afirma que a operação começou em junho de 2022, quando a Abin era comandada por Alexandre Ramagem e estava subordinada ao então ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno.
"A operação foi anulada pela atual gestão em março de 2023, logo após a revelação de sua existência", destaca o documento. Segundo o governo, a decisão de suspensão partiu do então diretor interino da Abin, em 27 de março de 2023, dois dias antes da posse de Luiz Fernando Corrêa como novo diretor-geral da agência.
O caso emerge em momento delicado para as relações bilaterais, pois está em curso uma nova rodada de negociações sobre o valor da energia excedente produzida pela usina binacional de Itaipu. O acordo anterior vigorou até dezembro de 2024, mas o Paraguai solicitou prorrogação até maio deste ano.
As autoridades paraguaias demonstraram preocupação sobre possível uso indevido de informações nas tratativas que resultaram em preço mais baixo para a energia adquirida pelo Brasil.
A divulgação do caso teria irritado a equipe do presidente Lula, levando a Polícia Federal a abrir investigação sobre o vazamento dessas informações, que constam no depoimento de um agente no inquérito sobre a chamada "Abin paralela" que funcionou durante o governo Bolsonaro.
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