Milei coloca Aerolíneas Argentinas na mira da privatização
A decisão, contudo, depende da aprovação do Congresso, conforme destacou o decreto presidencial
247 - O presidente da Argentina, Javier Milei, afirmou que a estatal Aerolíneas Argentinas está "sujeita à privatização", em meio a um cenário de intensos conflitos sindicais que resultaram em greves em setembro, impactando dezenas de milhares de passageiros. A decisão, contudo, depende da aprovação do Congresso, conforme destacou o decreto presidencial publicado na última quarta-feira, 2. A notícia foi originalmente divulgada pela agência oficial do governo argentino. As informações são do portal Istoé.
O governo Milei justificou a medida ao mencionar os aportes que o Estado teve que realizar nos últimos anos para cobrir os déficits da companhia aérea, que somaram cerca de 8 bilhões de dólares (R$ 44 bilhões) desde sua reestatização, ocorrida 16 anos atrás. "É imperativo promover a privatização da empresa Aerolíneas Argentinas", afirma o decreto, ressaltando a urgência da venda para reduzir o ônus financeiro sobre o país.
No entanto, a aprovação legislativa continua sendo um desafio para Milei. Em um ambiente político polarizado e com forte oposição sindical, o governo enfrenta resistência significativa para avançar com a privatização.
Conflitos sindicais e greve
A decisão ocorre após semanas de confrontos com os sindicatos do setor aeronáutico, que pressionam por compensações salariais em meio à escalada inflacionária, que, em agosto, alcançou 236% no acumulado de 12 meses. Em resposta às reivindicações, a Aerolíneas Argentinas ofereceu um reajuste salarial de cerca de 11%, proposta que foi prontamente rejeitada pelos trabalhadores.
As tensões culminaram em duas greves em setembro, que paralisaram centenas de voos e afetaram mais de 45 mil passageiros, além de gerar prejuízos de mais de 3 milhões de dólares (R$ 16 milhões). Para lidar com as paralisações, Milei declarou o transporte aéreo como um "serviço essencial", medida que obrigaria a manutenção de pelo menos 50% dos serviços em caso de greve. No entanto, essa decisão foi suspensa pela Justiça na sexta-feira, sob o argumento de que limitava o direito de greve.
A medida judicial foi recebida com alívio pelos sindicatos, que receberam apoio da Federação Internacional de Pilotos de Linhas Aéreas (IFALPA). Em nota, a entidade expressou solidariedade aos trabalhadores argentinos, reforçando a legitimidade de suas demandas.
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