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Polícia detém irmão da presidente do Peru

Nicanor Boluarte é acusado de organização criminosa e tráfico de influências

Dina Boluarte (Foto: REUTERS/Carlos Barria)

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RT - Nicanor Boluarte, irmão da presidente Dina Boluarte, foi detido nesta sexta-feira (10) no âmbito de um processo judicial em que é investigado pelos crimes de organização criminosa e tráfico de influências.

Elementos da Polícia Nacional do Peru e a Equipe Especial de Fiscais Contra a Corrupção do Poder também detiveram Mateo Castañeda, advogado da mandatária, e outras 20 pessoas.

De acordo com a decisão da Corte Superior Nacional de Justiça, Boluarte, Castañeda e os demais acusados devem cumprir uma detenção preliminar de pelo menos 10 dias.

O irmão da presidente foi denunciado por suposto tráfico de influências, uma vez que diversas investigações jornalísticas revelaram que ele havia conseguido que vários de seus amigos fossem nomeados como funcionários.

Além disso, afirmaram que ele escolhia e pressionava prefeitos e subprefeitos para coletar assinaturas que permitissem registrar seu partido político com vistas às eleições gerais de 2026.

Uma das provas de sua suposta e ilegal influência no governo foi uma gravação que mostrou que Boluarte havia recebido em privado um prefeito que depois obteve um aumento orçamentário inesperado por parte da presidência.

Na tarde, quando Boluarte foi retirado de sua residência no distrito de San Borja, em Lima, foi abordado pela imprensa local para coletar suas impressões.

'Você pagou subornos a subprefeitos?', perguntou um repórter. 'A ninguém!', respondeu o irmão da presidente peruana no meio da confusão. 'Eu não tenho nenhuma organização criminosa', acrescentou.

Antes que os policiais o colocassem em um veículo oficial, ele conseguiu dizer: 'Sou inocente'.

O processo judicial começou em janeiro passado, quando a Procuradoria Anticorrupção da região peruana de San Martín (norte) denunciou Boluarte à promotoria.

O programa Panorama, por exemplo, obteve exclusivamente imagens dos jogos de futebol que o irmão da presidente costumava jogar com amigos que, graças a essa relação pessoal, haviam obtido cargos no governo.

Por outro lado, o programa Cuarto Poder divulgou o testemunho de prefeitos e subprefeitos que afirmaram que Boluarte e sua operadora política Griselda Herrera, também envolvida no processo, os obrigavam a preencher as fichas de inscrição do partido Ciudadanos por el Perú.

Diante de cada denúncia, a presidente, que também enfrenta múltiplos escândalos de corrupção, defendeu incondicionalmente seu irmão.

'Parem de difamar meu irmão, ele não está participando de absolutamente nada, em nenhuma organização de nenhum partido, utilizando os prefeitos e subprefeitos ou algum meio econômico do estado', afirmou.

Nicanor, por sua vez, sempre negou as acusações. 'Eu faço tudo o que posso para trabalhar e manter minha família, eu não sou isso que se diz: a sombra no poder', respondeu Boluarte Zegarra em março ao programa 'Punto Final' do canal local Latina.

O governo do Peru desativa a equipe policial de apoio à promotoria contra a corrupção Em uma tentativa de frear as causas contra seu irmão, a presidente desativou na quinta-feira a Equipe Especial de Fiscais contra a Corrupção no Poder com o argumento de evitar 'a duplicidade de funções' com outras dependências judiciais.

Esse mesmo grupo foi o que finalmente participou na detenção de Nicanor Boluarte e de Mateo Castañeda, o advogado da presidente que já havia pedido ao coronel Harvey Colchado que arquivasse as investigações contra o irmão presidencial.

O secretário-adjunto da coordenação nacional de direitos humanos do Peru, Juan Miguel Jugo, afirmou à RT que Dina Boluarte acabará sendo acusada.

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