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      Suposta espionagem relacionada a Itaipu foi resposta a ação de inteligência do Paraguai, dizem agentes da Abin

      Servidores afirmam que ação seria resposta a uma suposta espionagem paraguaia durante negociações sobre tarifas de Itaipu ainda no governo Bolsonaro

      (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)
      Paulo Emilio avatar
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      247 - Uma suposta operação da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) contra o governo do Paraguai teria sido uma ação de contraespionagem, segundo funcionários da agência ouvidos sob reserva pela CNN Brasil. De acordo com a reportagem, os servidores alegaram que o Paraguai teria iniciado investigações contra o Brasil durante as negociações sobre as tarifas da usina hidrelétrica de Itaipu e que a agência brasileira apenas reagiu a essa movimentação. “A espionagem foi uma resposta”, disse uma das fontes, classificando a operação como uma ação típica de contrainteligência — atividade comum entre órgãos de segurança no mundo

      Fontes do Ministério das Relações Exteriores brasileiro indicaram que a suposta ação de espionagem paraguaia teria ocorrido em 2022, ainda durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), período em que começaram as negociações entre os dois países para a revisão do Anexo C do Tratado de Itaipu. Este anexo estabelece como deve ser feita a divisão da energia gerada pela usina hidrelétrica binacional.

      O Anexo C deveria ter passado por revisão em 2023, após completar 50 anos de vigência do Tratado, mas o acordo ainda não foi concretizado até o momento presente. Diante desse cenário, fontes da Abin afirmaram à CNN Brasil que a espionagem conduzida pelo Brasil seria uma resposta às ações paraguaias – operação classificada tecnicamente como Contrainteligência.

      Segundo interlocutores ouvidos pela reportagem, a Abin teria buscado informações sigilosas, prática que, na visão desses servidores, é comum entre agências de inteligência ao redor do mundo. "Essas ações fazem parte do serviço de inteligência. Esse serviço tem de ser bem-feito. É uma questão nacional e não pode deixar vazar (esse tipo de informação)", explicou um servidor da agência à reportagem.

      A informação sobre a suposta espionagem brasileira contra o Paraguai veio a público inicialmente na segunda-feira (31) através de reportagem do portal UOL. No dia seguinte, a Polícia Federal informou ter aberto inquérito para investigar o possível vazamento do depoimento de um servidor da Abin que teria revelado detalhes da operação contra o país vizinho.

      Quando questionado sobre o caso, o Ministério das Relações Exteriores negou, na segunda-feira (31), que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT_ tenha realizado qualquer ação hacker contra o governo paraguaio ou que exista alguma medida de inteligência desse tipo em andamento atualmente.

      O Itamaraty, entretanto, informou que tal operação teria ocorrido no final do governo de Jair Bolsonaro, com autorização em junho de 2022, mas que foi suspensa pelo então diretor interino da Abin em 27 de março de 2023, já no início do terceiro mandato do presidente Lula.

      A reportagem da CNN voltou a procurar o Itamaraty nesta quarta-feira (2) para obter esclarecimentos sobre as declarações a respeito da suposta espionagem brasileira como resposta a ações paraguaias, mas não havia recebido resposta até o fechamento da reportagem. O Ministério das Relações Exteriores do Paraguai também não respondeu aos questionamentos da emissora.

      Em nota oficial, a assessoria de imprensa da Presidência do Paraguai afirmou que ministros do país já expressaram, em coletiva de imprensa, a posição oficial do governo, que inclui uma "solicitação de esclarecimento" entregue ao embaixador brasileiro no Paraguai, e que o país "aguarda resposta oficial" do governo brasileiro sobre o incidente.

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