A falta que Nathalia Urban nos faz
"Com sua partida, perde o jornalismo que ela nos trazia com verdade", diz Regina Zappa
Nós, companheiros do 247, junto a nossos parceiros do público, compartilhamos ontem, quarta-feira, um sentimento de perda que vai além do espaço vazio deixado pela jovem e brilhante jornalista Nathalia Urban. Ontem não teve notícia, não teve análise política. Emocionados, deixamos de lado por um bom tempo a missão de informar e nos dedicamos a homenagear ao vivo essa colega que partiu inesperadamente.
Nathalia era uma jovem jornalista como poucos que vemos no jornalismo hoje. Era um ponto fora da curva. Uma jornalista corajosa, combativa, defensora da causa palestina, anticolonial, das causas africanas e latino-americanas, que nos trazia sempre aqui muita informação, amparada em um conhecimento consistente construído com muito estudo durante sua breve trajetória.
Como dissemos ontem, somos uma família no 247. Somos parceiros muitas vezes à distância, o que impede o abraço que precisávamos dar em cada um dos companheiros. Nathalia e eu tínhamos programas diferentes, em horários diferentes, quase não nos esbarrávamos. Mas eu a assistia e admirava seu jeito de falar sem amarras, com a firmeza e a ênfase necessárias em um mundo cada vez mais cruel e injusto com os oprimidos. Falava com muita propriedade da América Latina, esse continente vizinho tão desprezado pelos brasileiros. Trazia os detalhes, as razões, as verdades. Aprendi muito com ela.
É muito triste perder uma colega, qualquer colega. Perder uma colega como Nathalia é mais duro ainda porque ela deixou um espaço muito difícil de ser preenchido. No entanto, mais ainda, perde o jornalismo. Jornalismo que tentamos construir com liberdade e que ela nos trazia com verdade.
Estamos aqui neste espaço resistindo e combatendo o bom combate há um bom tempo. Perder nas nossas fileiras uma jornalista como ela nos desanima porque, para alguns de nós, veteranos, que trabalhamos na grande imprensa, nas redações, ver surgir uma jornalista como a Nathalia foi uma alegria, uma luz, mas, principalmente, uma esperança.
Nesse país, onde precisamos tanto de esperança e de luta, de pessoas com humanidade e coragem, foi um impacto. Por isso, tantos amigos e colegas se manifestaram com profunda emoção. Nathalia vai estar ausente da nossa luta, mas presente no seu exemplo. Torcemos para encontrar outras jovens Nathalias, com esse espírito destemido, corajoso e idealista, que nos devolvam a esperança.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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