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    Reimont Otoni

    Deputado federal (PT-RJ), vice-líder do PT na Câmara e membro da Comissão de Trabalho

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    A violência nas eleições municipais de 2024 e a disputa em 2026

    "Situação requer legislação que garanta a participação popular", escreve Reimont

    José Luiz Datena agride Pablo Marçal com cadeira durante debate da TV Cultura com candidatos a prefeito de São Paulo (Foto: Reprodução)

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    Faltam 10 dias para o primeiro turno das eleições municipais, uma semana para o final das campanhas.

    Nesta reta final, que envolve pouco menos de 156 milhões de eleitores e 460 mil candidaturas registradas, o compromisso com o voto deveria ser um compromisso com propostas e programas de emancipação da cidadania e contra a violência, as mentiras ou fake news, o deboche e o achincalhe.

    Não é o que vemos.

    Segundo revela o Observatório da Violência Política e Eleitoral, da Unirio, o Brasil registra, em 2024, um triste recorde – 455 casos de violência contra políticos e candidatos; somente em ataques diretos a candidatos, foram 173 casos e 15 homicídios. 

    O acirramento coincide (!?) com o início das campanhas. No primeiro trimestre do ano, foram 68 casos; no segundo, 155 e, no terceiro (de julho  até 16 de setembro), o número saltou para 232.

    No mapa da vergonha, São Paulo lidera o ranking, com 29 casos, seguido pelo Rio de Janeiro, com 20.

    Os analistas da Unirio destacam que o cenário, quando ainda faltavam 20 dias para as eleições, era muito pior do que o verificado nas eleições nacionais e estaduais de 2022 e as municipais de 2020. Em síntese, a campanha deste ano já é uma das mais violentas da nossa história recente, mesmo sem contar o dia de votação, quando sabemos que as ameaças se voltam diretamente aos eleitores, em milícias eleitorais.

    Penso no que esperar até o final deste processo e no que esperar para 2026, se nada for feito.

    O quadro flagra o quanto a extrema direita e o fascismo vêm trabalhando para transformar a política brasileira em um espaço de ódio, um terreno hostil para a população. O objetivo óbvio é desencorajar a participação, causar medo, terror. 

    São Paulo e o Rio de Janeiro emergem como os laboratórios centrais da extrema direita do País. Do Rio, impulsionaram o discurso de ódio que hoje domina a política brasileira. Essa prática daninha cresce e centrou raízes nas terras paulistanas. Mas não se limita aos dois estados.

    O fascismo - derrotado nas urnas, em 2022 - joga, agora, todas as suas fichas nas eleições municipais, preparando o terreno para 2026. 

    A situação é grave e requer legislação que garanta a participação popular.

    Precisamos repudiar e denunciar essa estratégia e convocar as autoridades e a sociedade para garantir que a política seja um espaço de diálogo, respeito entre os divergentes e embates apenas no campo das ideias, direcionada à construção de uma sociedade melhor. A campanha eleitoral e a política não podem ser transformadas em ringues de MMA.

    A violência de agora revela que a nossa Democracia segue correndo grande risco e precisa de todos nós. Precisamos derrotar o fascismo em sua base, no local onde ele foi gestado e continua latente. 

    É o momento de unirmos esforços para, mais uma vez, salvarmos a democracia brasileira, em defesa de uma sociedade justa, fraterna e de paz.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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