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    Laís Gouveia

    Mineira, jornalista e ativista da mídia livre. Vivendo na Espanha

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    Aliado estratégico de Bolsonaro, Viktor Orbán já defendeu raça pura húngara e fez “piada” com câmara de gás

    Em fevereiro, temendo ser preso, Bolsonaro buscou refúgio na Embaixada da Hungria, com o consentimento de Orbán

    Bolsonaro com Viktor Orbán (Foto: Reprodução)

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    Após vir à tona que Jair Bolsonaro, com o seu passaporte recém apreendido pela PF, buscou refúgio entre os dias 12 e 14 de fevereiro na Embaixada da Hungria, um personagem ganhou destaque na imprensa brasileira: Quem é Viktor Orbán, primeiro-ministro, que concedeu teto sem pestanejar ao amigo brasileiro que temia uma prisão?

    Viktor Orbán e Jair Bolsonaro são figuras bem semelhantes do ponto de vista folclórico. Não perdem um holofote e seguem a linha “falo o que penso, sou transparente e se isso soa agressivo, nem ligo”. Típico clichezão já batido nas fileiras da extrema-direita, bem presente em Donald Trump também. 

    Do ponto de vista dos ataques raciais, os dois "mui amigos" também são semelhantes. Assim como Jair Bolsonaro já disse em algumas ocasiões que negros são pesados em arrobas,  Orbán reforça em suas falas o racismo. Em 2022, ele disse a uma multidão que os europeus não querem se misturar com pessoas de fora do continente, algo bem à lá Goebbels. “Nós [húngaros] não somos uma raça misturada e não queremos nos tornar uma raça mista”, disse.

    Ele disse ainda que a “civilização islâmica” está “constantemente se movendo em direção à Europa” e que, no futuro, “aqueles que não queremos deixar entrar terão que ser detidos nas fronteiras ocidentais [da Hungria]”, independentemente da participação do país ter fronteiras abertas com outros 26 países europeus.

    O extremista não parou por aí. Naquela ocasião, também fez referência às câmaras de gás do regime nazista, com muita ironia, para criticar o plano da União Européia de reduzir o consumo de gás no continente, após os cortes no fornecimento russo, em decorrência ao conflito com a Ucrânia.

    “Não vejo como eles [União Europeia] podem forçar os países-membros a fazerem isso, embora haja um conhecimento alemão neste domínio, como o passado mostrou”, disse. 

    As falas geraram repúdio da comunidade internacional naquele momento, mas nada que desestabilizasse a gestão do extremista.

    As semelhanças entre ambos forjaram uma parceria pública. Orbán já havia saído em defesa do brasileiro dias antes de ele passar duas noites na embaixada do país após ter passaporte apreendido. Na ocasião, em uma rede social, Orban publicou uma foto com Bolsonaro e o incentivou a "continuar lutando".

    Agora, a defesa de Jair Bolsonaro possui 48 horas para justificar ao STF por qual razão o extremista permaneceu durante 48 horas na embaixada da Hungria. Nem um terraplanista mais limitado acredita na tese da defesa de “importantes debates políticos”. 

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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