Descubra Kobori, transforme-se com Kobori

Na última quinta-feira, vivi uma das experiências que explicam por que o jornalismo é, se não a melhor, uma das mais interessantes profissões do mundo. Recebi nos estúdios da TV 247 o professor José Kobori, amplamente conhecido pelo seu trabalho na área de finanças e mercado de capitais. Mas a pessoa que encontrei foi muito mais do que um especialista técnico. Encontrei alguém em plena transformação pessoal — fruto de um profundo processo de reflexão pessoal sobre sua trajetória, seus traumas e suas circunstâncias de vida.

Kobori é hoje um homem que fala com tranquilidade sobre temas que antes pareciam distantes de seu universo. O mercado financeiro ainda está em sua trajetória, claro, mas agora é acompanhado por uma reflexão mais ampla — sobre a sociedade, a desigualdade, o papel do Estado e até sobre a natureza humana. Sua fala é crítica, madura e consciente. Ao longo da entrevista, ele reconheceu abertamente a falência do modelo neoliberal, ancorado no egoísmo, e produtor de miséria e desigualdade. “Do ponto de vista filosófico, hoje eu me considero um socialista”, disse ele. Uma frase que, dita por alguém que formou gerações sob a lógica do capital, tem um peso simbólico poderoso.

Parte dessa guinada vem de uma experiência dolorosa: Kobori foi preso de maneira injusta, num episódio traumático ocorrido nas brumas da Inquisição lavajatista que poderia tê-lo endurecido. Mas o resultado foi outro. Ao invés de amargura, surgiu introspecção. Ao invés de ressentimento, um olhar mais sensível para a vida e para as estruturas que aprisionam tantos — não apenas com grades, mas com sistemas que operam diariamente na base da desigualdade. Para Kobori, assim como para o presidente Lula, a prisão foi uma espécie de libertação. Uma obra divina, a alavanca de sua transformação pessoal. "Só podem tirar de você aquilo que nunca foi seu", disse Kobori, ao refletir sobre suas supostas "perdas". 

Ao narrar sua trajetória recente, ele demonstrou ter compreendido algo que poucos compreendem com profundidade: que há limites na busca incessante por dinheiro, status ou prestígio. E que, passada a euforia, resta a pergunta essencial — para quê tudo isso?

A transformação de Kobori não é apenas pessoal, é simbólica. Ela aponta caminhos para todos que sentem que algo está fora de lugar na lógica que domina o mundo atual. Um sistema centrado na competição, no acúmulo e no medo da perda. Ou seja: no vazio existencial. Nesse sentido, sua história toca fundo e inspira. Porque mostra que, sim, é possível repensar caminhos e encontrar novos sentidos.

Ao editar sua entrevista, pensei numa música do Abba, Thank You for the Music, nem tanto pela canção em si, mas pelo que ela expressa: a gratidão dos músicos pela arte que dá sentido à existência:

"I'm nothing special, in fact I'm a bit of a bore But I have a talent, a wonderful thing 'Cause everyone listens when I start to sing I'm so grateful and proud All I want is to sing it out loud…"

(“Não sou nada especial, na verdade sou até meio sem graça Mas tenho um talento, uma coisa maravilhosa Porque todos prestam atenção quando começo a cantar Sou tão grato e orgulhoso Tudo o que quero é cantar bem alto…”)

Eu agradeço ao jornalismo, que tem me levado a lugares e a pessoas extraordinárias. Agradeço pela escuta, pelos encontros e pela chance de cruzar com pessoas como José Kobori — que nos lembram que a transformação pessoal também é uma forma de construir o coletivo. Descubra Kobori, transforme-se com Kobori: