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    César Fonseca

    Repórter de política e economia, editor do site Independência Sul Americana

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    Dilma caiu porque enfrentou Wall Street e Faria Lima, que tentam agora derrubar Lula

    Lula paga o pecado do golpe contra Dilma que veio para fortalecer o mercado financeiro especulativo, que assalta, criminosamente, o Orçamento Geral da União

    Dilma e Lula na COP28 em Dubai (Foto: Ricardo Stuckert)

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    A ex-presidente Dilma Rousseff voltou ao centro do palco político nacional por meio de críticas rasteiras do embaixador e ex-ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, na TV 247, de que ela produziu a maior recessão da história do Brasil.

    Ela produziu?

    Trata-se da maior fuga da verdade histórica que a direita e a ultradireita, aliadas de Washington, unidas para derrubar Fernando Haddad, candidato de Lula, na prisão, em 2018, produziram.

    Depois de recusar o resultado eleitoral de 2014, os tucanos, inconformados, foram à luta judicial para tentar reverter resultados negativos.

    Apelaram vergonhosamente ao tapetão.

    Atuavam como inimigos da democracia, por não terem atingido o poder pelo voto direto, democrático.

    Sujaram a página da história política nacional.

    Em seguida, como disse Leonardo Attuch, da TV 247, revoltado com a farsa de Ricupero, PSDB e MDB montaram o golpe neoliberal que se daria em 2016 para implementar o programa Ponte para o Futuro elaborado por Wall Street.

    O império partiu para o golpe por ficar inconformado com a incompetência dos seus aliados políticos, no Brasil, como o PSDB, que, depois de 4 mandatos consecutivos para a presidência da República, não conseguiram, com sua política neoliberal, disputar competitivamente eleições presidenciais, perdendo, depois de 2003, todas as disputas eleitorais.

    Diante do fracasso político-partidário, os tucanos partiram para o golpe, juntando-se, em 2018, à ultra direita fascista, para eleger Jair Bolsonaro, e dar no que deu: a maior desmontagem econômico-social democrática história brasileira, para abrir espaço à entrega do patrimônio nacional aos abutres estrangeiros.

    Bolsonaro completaria o desastre que havia se iniciado na Era FHC, que, por isso, mesmo, não mais chegou ao poder pelo voto, sendo necessário golpismo udenista capaz de chegar lá.

    NOVA MATRIZ ECONÔMICA DILMISTA - Mas o que deve ser ressaltado como substantivo, como fator determinante que derrubou Dilma Rousseff e que Ricupero não ousou falar, como ministro da Fazenda mequetrefe que foi, sendo demitido por ser verdadeiro ao tentar esconder a verdade dos fatos, no cargo – falou o que não devia falar –, é outra coisa.

    Trata-se da NOVA MATRIZ ECONÔMICA que Dilma teria adotado e que irritou profundamente o mercado financeiro, este, agora, que tenta derrubar Lula, de qualquer jeito, especulando com o dólar, para desmoralizar a moeda nacional e jogar o povo contra o presidente.

     O que foi, verdadeiramente, a NOVA MATRIZ ECONÔMICA?

    Simplesmente, tratou-se de renegar as regras imperialistas que Washington determinou para as economias capitalistas periféricas, impondo o terrorismo econômico chamado tripé neoliberal, em vigor até hoje: 1 – metas inflacionárias, 2 – câmbio flutuante e 3 – superavit primário.

    Esse terror econômico imperialista, que impõe sistemático baixo crescimento econômico aos países semi desenvolvidos, para que não se desenvolvam, plenamente, e permitam que os ganhos financeiros especulativos, com juros altos, realizam-se, obrigatoriamente, fazendo a festa das Faria Lima da vida, foi enfrentado, com coragem, por Dilma Rousseff.

    De 2011 a 2014, primeiro mandato de Dilma, o PIB médio ficou em torno de 2,5%, a inflação, em cerca de 4% e a taxa de desemprego, em 4%, uma das mais baixas da história.

    O BC, com Dilma, não estava, inteiramente, debaixo das asas do mercado financeiro especulativo, porque ela não deixou que o queria a Faria Lima: BC Independente.

    Por isso, pôde apresentar resultados positivos para o povo, não para a Faria Lima.

    No segundo mandato, a história seria outra.

    Sob ataque da direita e ultra direita fascista, apoiadas pelo FMI, Dilma foi forçada a uma recaída ao indicar para a Fazenda o neoliberal Joaquim Levy, ex- Banco Mundial, que aplicou  arcabouço fiscal mais violento que esse que Lula está sendo obrigado a engolir por pressão da Faria Lima, Congresso neoliberal pró-mercado financeiro e mídia conservadora, todos subordinados a Washington.

    A raiva do mercado contra Dilma decorreu do fato de que ela, depois do crash de 2008, que balançou o capitalismo financeiro de Wall Street, seguiu a orientação não do BC neoliberal de Campos Neto, que prejudica o governo Lula, mas do BC americano.

    Naquele ano, o FED jogou fora a falsa verdade neoliberal que dita aos outros, mas não a si mesmo, de que inflação é fenômeno meramente monetário.

    Quando a especulação desenfreada de Wall Street colocou em risco o sistema bancário americano, o BC dos Estados Unidos quadruplicou a oferta monetária, que tornou negativa a taxa de juros, cujas consequências foram estabilizar/reduzir a dívida pública americana, evitando sua implosão e hiperinflação que levaria o capitalismo americano ao caos.

    Historicamente, ficou comprovada, com a ação do BC de Tio Sam, que a apregoada tese imperialista de que inflação é fenômeno monetário não passa de grossa mentira.

    Nem a inflação nem a dívida pública implodiram.

    Pelo contrário, o aumento da oferta monetária sem limite salvou o capitalismo americano.

    O FED seguiu Keynes que diz ser o aumento da quantidade da oferta de moeda na circulação capitalista pela autoridade monetária a única variável econômica verdadeiramente independente no capitalismo a produzir quatro fatores simultâneos: 1 - redução dos juros, 2 - elevação dos preços, 3 - redução dos salários e 4 - perdão da dívida acumulada a prazo pelos capitalistas, gerando para eles eficiência marginal do capital, isto é, lucros.

    REPETINDO O IMPÉRIO - O pecado mortal de Dilma foi anotar essa lição histórica do império americano e aplicá-la no Brasil, para irritação do mercado, que passou a conspirar contra ela, até derrubá-la, no segundo mandato, em 2016, mediante aliança PSDB-MDB, ancorada pelo golpismo legislativo, judiciário e midiático, sob as benção da Casa Branca.

    O golpe em Dilma foi falsamente justificado não por ter ela praticado erro econômico, levando a economia à recessão, como falsifica Ricupero e toda mídia neoliberal, mas por ter ousado repetir no Brasil o que o império exercita nos Estados Unidos para evitar o caos capitalista quando acirram as contradições e lutas de classe. 

    Jamais o império aceita que suas ações sejam seguidas pelo capitalismo periférico para que este se liberte e deixe de ser fator de sobre acumulação de capital excessiva, especulativa, do capitalismo cêntrico.

    Lula, como ressalta Attuch, paga o pecado do golpe contra Dilma que veio para fortalecer, desmedidamente, o mercado financeiro especulativo, que assalta, criminosamente, o Orçamento Geral da União (OGU), abocanhando perto de R$ 800 bilhões/ano em pagamento de juros e amortizações da dívida, enquanto pressiona Lula a contrair despesas sociais que puxam a demanda global, inviabilizando crescimento econômico sustentável com efetivo combate à inflação etc.

    A vingança de Dilma contra seus algozes fascistas é que ela, hoje, dirige o Banco BRICS, que ameaça o mercado financeiro global, por estar à frente de proposta de cooperação econômico-financeira internacional, avalizada, amplamente, por China-Rússia-Brasil.

    Não é à toa que Washington mira os BRICS como inimigos por já superarem as economias do G20 e despontarem como a nova alvorada da economia mundial, no  caminho de ultrapassar o colapso da financeirização capitalista especulativa que o neoliberalismo washingtoniano produziu no pós-guerra fria.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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