Imprensa Imparcial, papo furado
O que importa para nós é estar atento aos fatos. Esses não mentem, mas certa imprensa pode mudar esses fatos
Cresci ouvindo que o jornalismo era imparcial. Que o que se lia na imprensa era o retrato da realidade e a reprodução exata dos fatos. Verdade que na época as fake news eram poucas e o efeito da notícia, apesar de sólido, mais lento. Depois que passei a pensar por mim vi que não era bem isso. Os jornais refletiam, justamente, o pensamento de seus donos. Quando fui morar na Itália isso ficou ainda mais claro. O Corriere della Sera era da democracia cristã com uma pitada de socialistas. La Repubblica era dos socialistas com uma simpatia dos partidos de esquerda. Il Giorno era um jornal de centro direita, e L’Unità era do Partido Comunista, mas todos, absolutamente todos, tinham um compromisso com a verdade. Emitiam uma opinião política, mas na página seguinte publicavam uma notícia que poderia até ir contra aquela opinião emitida. E porque isso acontecia? Por que havia uma coisa chamada conselho de redação, composta por jornalistas e que se reunia a cada tanto para analisar o compromisso do jornal com a verdade. Mentiras não eram permitidas e com isso, você podia ler um jornal sem se deixar levar pela opinião do dono.
O que acontece no Brasil de hoje é que além do fim dos sindicatos e das entidades de classe, a mentira passou a ocupar o noticiário sem preocupações maiores. Os jornais hoje refletem a opinião dos donos e fazem de tudo, inclusive mentir sobre os fatos, para fazer cumprir os objetivos do patrão.
Falo isso porque o que se vê hoje no Brasil é uma campanha aberta contra o governo Lula. Tirando as críticas normais que quase não se vê na imprensa, o que se lê é uma sucessão de fatos desvirtuados ou omitidos que induzem a um caminho pré-estabelecido. Tudo bem que ninguém mais lê nesse país, mas essa opinião emitida acaba influenciando atitudes de quem pode até comandar essa massa de seres que não pensam, mas votam.
O Brasil247, a revista Forum, o ICL e todos os outros jornais de esquerda também seguem o que o patrão pensa, mas tem um compromisso maior com a verdade dos fatos e com a inevitabilidade dela. Os outros jornais são capazes de mudar a realidade para justificar seu modo de pensar. E eles pensam como os neoliberais, como os operadores do mercado, como a direita que quer implantar um sistema que valorize o individualismo, a meritocracia, a crença evangélica e tudo aquilo que venha a trazer mais força para a sua ideologia.
Achar que a imprensa é imparcial é ingenuidade. Achar que e TV Globo é de esquerda, também. Mas os bolsonaristas pensam assim e tudo fazem para que você acredite neles, e sobretudo que execre qualquer iniciativa mais democrática ou coletiva. Para eles o que vale é o individualismo, as atitudes de Deus em relação a você, que precisa aguardar pacientemente que ele te atenda e a tudo que posa combater iniciativas coletivistas. O comunismo morreu no mundo, mas sobrevive aqui para a política deles. Os jornais combatendo o governo Lula até com mentiras, estão na realidade trabalhando para implantar aquilo que mais os satisfazem, uma economia de mercado que passe longe da população e que mantenha os lucros ativos e satisfatórios para a sua galera, mesmo que para isso tenham que engolir um Bolsonaro. Imprensa imparcial é um papo furado que hoje não engana mais ninguém. O que importa para nós é estar atento aos fatos. Esses não mentem, mas certa imprensa pode mudar esses fatos. Fique atento.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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