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      Leonardo Attuch

      Leonardo Attuch é jornalista e editor-responsável pelo 247.

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      Isolacionismo de Trump deve ter como resposta a retomada da integração latino-americana

      Como líder incontestável da Celac, Lula será também protagonista da cúpula China-Celac

      Lula na cúpula da Celac (Foto: Ricardo Stuckert / PR)

      O tom adotado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quarta-feira 9, durante a abertura da 9ª reunião da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), em Tegucigalpa, foi preciso e necessário diante do novo cenário de incertezas globais. Com clareza e firmeza, Lula alertou que “guerras comerciais não têm vencedores” e convocou os países da região a resistirem à ingerência externa. Sua fala foi uma resposta direta ao novo ciclo de instabilidade internacional deflagrado pelo retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos.

      Desde que reassumiu o cargo, em janeiro, Trump deu início a uma nova guerra comercial em escala global. Com um tarifaço agressivo, mirou inicialmente a China, mas também atingiu parceiros importantes como o Brasil. O protecionismo exacerbado, a retórica nacionalista e a ruptura com acordos multilaterais voltam a marcar a política externa dos Estados Unidos. Trata-se de uma guinada isolacionista que ameaça as economias do Sul global e impõe à América Latina a urgente necessidade de reagir com coesão.

      Lula, ao defender o fortalecimento da Celac, sinalizou o caminho: a retomada da integração regional como antídoto contra a fragmentação. “É preciso fazer da Celac um espaço cada vez mais efetivo de concertação política, de promoção da integração e de cooperação”, afirmou. A mensagem é clara: diante de um mundo em disputa, é hora de os países latino-americanos falarem com uma só voz, reforçando seus laços econômicos, políticos e sociais.

      Nesse sentido, a aproximação entre Brasil e México, oficializada no encontro entre Lula e a presidente Claudia Sheinbaum, ganha ainda mais relevância. A decisão de estreitar os laços comerciais entre as duas maiores economias da América Latina aponta para um reposicionamento estratégico da região no tabuleiro internacional. Ao fortalecer a cooperação Sul-Sul, os países latino-americanos constroem um caminho próprio, soberano e mais resiliente às turbulências externas.

      Outro movimento decisivo no horizonte será a cúpula China-Celac, marcada para maio, em território chinês. Trata-se de uma oportunidade histórica para que a região reaja de forma coordenada ao tarifaço de Trump, fortalecendo parcerias comerciais com a potência asiática e redesenhando rotas de desenvolvimento compartilhado. Mais do que isso, é também uma chance para que o Brasil se posicione como peça central na reorganização das cadeias produtivas globais, atraindo investimentos industriais, consolidando sua base tecnológica e promovendo a reindustrialização com sustentabilidade.

      Como líder incontestável da Celac, Lula será também protagonista dessa cúpula, levando à China a voz unificada da América Latina e reforçando o papel estratégico do Brasil no atual rearranjo geoeconômico internacional. A nova guerra comercial iniciada por Trump não pode ser enfrentada de forma individualizada por cada país da região. A resposta precisa ser coletiva, articulada e voltada para o fortalecimento de mecanismos de integração como a Celac.

      O momento exige mais do que discursos — exige ação. E a liderança exercida por Lula aponta na direção certa: a da união latino-americana como resposta ao isolacionismo.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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