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    Leonardo Attuch

    Leonardo Attuch é jornalista e editor-responsável pelo 247.

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    Lula demonstra, na prática, a força do Sul Global

    Os empresários brasileiros devem muito ao caráter visionário da política externa dos três mandatos de Lula

    Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante cerimônia oficial de boas-vindas. Palácio Presidencial, Hanói - Vietnã. Foto: Ricardo Stuckert / PR (Foto: Ricardo Stuckert / PR)

    A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Vietnã, nesta semana, é mais do que um gesto diplomático. É uma demonstração concreta de como o Brasil, sob sua liderança, tem consolidado um projeto geopolítico coerente e visionário: o fortalecimento do chamado Sul Global. Ao lado do presidente Luong Cuong, Lula anunciou a transformação da relação bilateral em uma Parceria Estratégica e a abertura do mercado vietnamita para a carne bovina brasileira. Mais do que acordos comerciais, trata-se da consolidação de uma nova ordem internacional mais justa, plural e multipolar.

    A expressão “Sul Global” refere-se ao conjunto de países em desenvolvimento localizados principalmente na América Latina, África, Ásia e Oceania. Embora geograficamente diversos, essas nações compartilham desafios históricos semelhantes, como o subdesenvolvimento imposto pela lógica colonial, as desigualdades globais e a marginalização nas instâncias decisórias mundiais. Ao invés de se submeter à lógica das potências centrais – o eixo tradicionalmente formado por Estados Unidos e Europa Ocidental – o Sul Global propõe uma integração horizontal entre países que buscam autonomia, desenvolvimento sustentável e cooperação solidária.

    A diplomacia Sul-Sul como política de Estado

    Lula já havia dado sinais claros dessa visão nos seus dois primeiros mandatos. Foi sob sua liderança e do então chanceler Celso Amorim, hoje assessor especial da presidência da República, que o Brasil expandiu relações com países africanos, intensificou os laços com o mundo árabe, aproximou-se fortemente da China e idealizou os BRICS, bloco que nasceu como um espaço de articulação entre potências emergentes e que hoje já se amplia para acolher outros atores relevantes do Sul Global. Mais do que fóruns de diálogo, essas iniciativas passaram a ser instrumentos de construção de uma nova geopolítica.

    A diplomacia Sul-Sul, uma marca da política externa brasileira nos anos 2000, foi resgatada com força a partir de 2023. A visita ao Vietnã, por exemplo, não é um evento isolado: integra uma ampla estratégia de reorientação das prioridades internacionais do Brasil. Lula não busca subordinar o país a blocos tradicionais – ele aposta na pluralidade de parceiros, no multilateralismo e na criação de novas frentes comerciais e políticas, ancoradas em respeito mútuo, não-intervenção e desenvolvimento compartilhado.

    Resultados concretos e visão de futuro

    A estratégia já tem produzido resultados objetivos. O Vietnã, hoje, compra mais produtos brasileiros do que países europeus como Reino Unido, França e Portugal. A abertura do mercado vietnamita para a carne bovina não apenas beneficia os exportadores brasileiros, como cria condições para que frigoríficos nacionais se instalem no país asiático e usem o Vietnã como plataforma para atingir todo o Sudeste Asiático.

    Ao mesmo tempo, Lula avança em agendas estruturais: propôs a cooperação em ciência e tecnologia com o Vietnã, sugeriu parcerias em áreas como inteligência artificial, semicondutores e energias renováveis, e reforçou o convite para que o país participe da COP30, em Belém, e da Cúpula do BRICS, no Rio de Janeiro. Trata-se, portanto, de um projeto de desenvolvimento integrado, que cruza comércio, inovação, meio ambiente e diplomacia em uma única lógica: a do fortalecimento do Sul Global.

    Um Brasil mais soberano e influente

    A aposta de Lula no multilateralismo constrói na prática o sonho da Conferência de Bandung, realizada em 1955, na Indonésia, por líderes que sonhavam com um mundo mais justo, e reforça uma leitura clara das grandes tendências do século XXI. O mundo que emerge da crise da globalização financeira e do declínio das potências tradicionais exige novas lideranças e novos eixos de poder. Ao se aliar a países como o Vietnã, o Brasil fortalece sua posição como protagonista na construção dessa nova ordem. É um país que não pede permissão, mas constrói pontes e abre caminhos.

    Diante de um cenário global de guerras, unilateralismo e retração diplomática, Lula reafirma que a política externa é instrumento de soberania, desenvolvimento e justiça internacional. E mostra, mais uma vez, que o Sul Global não é apenas uma ideia – é uma realidade em movimento, com o Brasil na liderança.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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