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    Arnóbio Rocha

    Advogado civilista, membro do Sindicato dos Advogados de SP, ex-vice-presidente da CDH da OAB-SP, autor do Blog arnobiorocha.com.br e do livro "Crise 2.0: A taxa de lucro reloaded".

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    Musk-Trump, uma fusão ultraliberal para um novo poder ilimitado sem democracia

    "Esse poder está sendo construído, e a grande diferença hoje é que Elon Musk é uma espécie de primeiro-ministro sem cargo oficial."

    CEO da Tesla e proprietário do X, Elon Musk, ao lado do candidato à Presidência dos EUA Donald Trump em comício na Pensilvânia 5/10/2024 REUTERS/Brian Snyder/Arquivo (Foto: Brian Snyder)
    “Loucura, embora, tem lá o seu método.” (Hamlet-W.Shakespeare)

    Um novo poder ilimitado está surgindo nos EUA, ou se consolidando: aquilo que se chamou de ultraliberalismo, e que era apenas uma ideologia e uma construção no plano da ação da economia, muda nessa fusão de poderes, pois chegou ao poder efetivamente com Musk e Trump e não vai delegar a terceiros a execução das medidas que acreditam tornar os EUA um império ainda maior e implacável, com controle absoluto de um pequeno grupo: a plutocracia do poder.

    Ontem, 16/02/2025, no Boa Noite 247, tratei desse fenômeno e de como uma nova forma de controle sobre a burocracia do Estado está sendo gestada. A burocracia que garantiu que governos aparentemente tão diferentes, como Clinton e Bush I, ou Bush II e Obama, além do próprio Trump I, funcionassem, cortando as idiossincrasias de cada um deles, fazendo valer os valores da democracia no sentido liberal dos EUA, mantendo o império de pé, independente de presidentes, governadores, Legislativo e Judiciário, agindo sobre todos eles e garantindo um poder que apenas em ditaduras, como no nazismo e no fascismo, se tem referência na história moderna.

    Esse poder está sendo construído, e a grande diferença hoje é que Elon Musk é uma espécie de primeiro-ministro sem cargo oficial e, pessoalmente (auxiliado por cinco boçais jovens), faz uma limpa na cúpula dessa burocracia de Estado, que em algum momento denominei de Estado Gotham City. Ele está demitindo, mandando embora, moldando ao seu modo um novo tipo de controle de poder, não mais separando poder econômico (real) do poder político (mediado).

    Essa fusão atenta contra a democracia, pois acaba com a perspectiva (ilusão?) burguesa de que a representação política pode ter espaços de poder e de sonhos, de soluções de mazelas, criar oportunidades para muito além do mundo corporativo e privado, incluindo o atendimento social e humano, garantias legais e a possibilidade de que a sociedade fosse plural e o poder acessível à classe trabalhadora, mesmo que de forma concedida e limitada. Essa concessão, no entanto, produziu o Estado de Bem-Estar Social, criou uma economia de massas nos EUA, melhorou e elevou as condições de vida de amplas parcelas da população.

    A longa reportagem do Fantástico, de 16/02/2025, feita pelo experiente jornalista Álvaro Pereira Júnior, traz luz sobre as relações de poder nos EUA e a ascensão de Elon Musk, mostrando como ele exerce um poder que está a anos-luz do que era feito por Steve Bannon. Não se limita mais apenas ao campo das especulações, mas às ações concretas, utilizando métodos sofisticados de algoritmos e controle de redes sociais, no limite da irresponsabilidade (aparente).

    O que parece ser uma forma de decadência da democracia não implica, obrigatoriamente, a decadência do império dos EUA, pois nada garante que este seja seu canto do cisne. Ao contrário, aqui separa-se desejo da realidade. Mesmo com todas as contradições, não está dada a derrocada dos EUA.

    Um alerta ao mundo, ao Brasil, sobre o que está sendo gestado para 2026, já materializado nos EUA e que será exemplo na disputa política aqui e em qualquer espaço vital da Terra. A própria proposição de uma nova cúpula EUA, Rússia e China esvaziaria todos os organismos construídos nos últimos 80 anos — da ONU aos BRICS, passando pela OTAN —, estabelecendo uma nova ordem baseada na força militar e no poder econômico, nos recursos naturais, na transformação e na produção de valor.

    Que ano, 2025... e nem teve carnaval!

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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