O laranjão amarelou
Os estadunidenses já não sabem mais o que fazer com o desastre instalado na Casa Branca
O laranjão, também conhecido como Donald Trump, não conseguiu sustentar sua guerra comercial nem mesmo por uma semana. Na linguagem popular, o laranjão instalado na Casa Branca amarelou. Arregou, miou, perdeu.
Depois de anunciar tarifas de 125% sobre produtos chineses, com pompa e fúria nacionalista, Trump voltou atrás e isentou exatamente os itens mais relevantes da lista: celulares, laptops, chips e componentes eletrônicos — ou seja, tudo o que move a economia digital dos Estados Unidos. A medida escancarou o fracasso da estratégia trumpista e revelou, mais uma vez, a distância entre o discurso do valentão e a prática de governo.
O recuo, feito de forma envergonhada durante a madrugada por meio de um comunicado da alfândega americana, foi um alívio para gigantes como Apple, Dell e Nvidia. Mas também foi um vexame político. Como explicar ao eleitorado que a “mão firme” contra a China virou um afago nos interesses do Vale do Silício? Que a prometida reconstrução industrial sucumbiu à realidade do consumo e da inflação?
Trump tentou posar de estadista que colocaria a América em primeiro lugar, mas o que entregou foi um festival de improvisações e retrocessos. Suas idas e vindas tornaram-se rotina, e seu estilo errático transforma qualquer tentativa de política consistente em um jogo de cena. Não é à toa que, com menos de 90 dias de mandato, Trump já é visto por muitos como um pato manco — um presidente esvaziado, sem rumo e sem autoridade real para conduzir os destinos da ainda maior potência do planeta, embora haja controvérsias.
O vexame se amplia quando se observa a reação firme chinesa: tarifa retaliatória de 125%, instabilidade nos mercados e um sinal claro de que o mundo não está disposto a se curvar ao ego inflado do inquilino da Casa Branca. O ouro disparou, os juros longos subiram e o dólar derreteu – uma combinação que reflete a crescente desconfiança dos agentes econômicos diante de um governo que mais parece uma roleta russa.
Em vez de liderar os Estados Unidos rumo a uma nova era de protagonismo industrial, Trump os empurra para o isolamento, a instabilidade e a irrelevância estratégica. O laranjão pode ter gritado, ameaçado e batido no peito. Mas, como sempre, quando percebeu o tamanho do estrago, deu meia-volta e fugiu – aliás, como costumam fazer seus imitadores no Brasil e na América Latina. O fato incontestável é que Trump amarelou e ainda não recebeu uma ligação de Xi Jinping.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com redacao@brasil247.com.br.
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.
iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: