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    Wendrell Elias dos Santos Gomes

    Especialista em Neuropsicopedagogia. Licenciado em Letras (Português e Espanhol), Pedagogia e Artes Visuais. Professor de Língua Portuguesa e outros componentes curriculares, pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo

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    O pífio "referencial teórico" de Renato Feder para a educação paulista

    Entre tantas referências bibliográficas relevantes à Educação, para esse rapaz, surge o “referencial teórico”, com aspas mesmo, Doug Lemov

    Renato Feder (à esq.) e Tarcísio de Freitas (Foto: Flávio Florido/Seduc-SP)

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    O empresário de tecnologia que, surpreendentemente, é atual secretário de educação do Estado de São Paulo, Renato Feder, continua com suas vendas ou supostos investimentos em produtos digitais, especialmente aplicativos e plataformas educacionais. Entretanto, hoje em dia, trata de vender ou investi-los ao Governo do Estado de São Paulo, gerido pelo atual governador, Tarcísio de Freitas, desde 2023. 

    Entre tantas referências bibliográficas relevantes à Educação, para esse rapaz, surge o “referencial teórico”, com aspas mesmo, Doug Lemov, que conta com, atualmente, 63 técnicas para melhorar a gestão da sala de aula, de modo simples, objetivo e superficial.

    No entanto, apoiado pela Fundação Lemann, no Brasil, tal autor que, na verdade, é um atual empresário, e ex-diretor e professor de escola pública administrada pela iniciativa privada (praticamente, equivalente à escola privada brasileira), teve muita ousadia e falta de discernimento em suas publicações.

    Ao publicar técnicas simplórias, nada complexas ou inovadoras, sendo algumas referenciadas e outras não, numa formatação própria, Feder, por conseguir entender somente textos desse tipo, encantou-se pelo seu ídolo Lemov, transformando-se em fã, econômica ou teoricamente.

    Essa mirabolante decisão de obrigar os professores da Rede Pública do Paraná (2019-2022) e de São Paulo (2023-) a estudarem e aplicarem conteúdos em cima das ideias de Lemov, mesmo diante de vários trabalhos já feitos, como os de Freire, Vygotsky, entre outros; além de professores doutores ou PhD (pós-doutores), que são estudiosos, por décadas, nas universidades públicas do Brasil, entre outras universidades públicas pelo mundo, altamente reconhecidas, foi o “fim da picada”. 

    Sendo assim, perante essa “brincadeira” com a Educação, talvez ele não saiba que exista, mas está em contrariedade ao documento Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova (1932) e demais retificações. Por isso, reiteradamente, há a ausência de proposições de consultas públicas para recolhimento de respostas e implementações, a fim de refletir os interesses públicos às implementações públicas para a sociedade.

    Contudo, todas as alterações, mudanças ou supostas renovações, do ponto de vista docente, indicam um retrocesso, porque o desenvolvimento qualitativo (desenvolvimento integral do aluno) da Educação, conforme estabelecido pelo Ministério da Educação (MEC), que normativa a qualidade sobre a quantidade, que, naturalmente, é longa, lenta e progressiva (a médio e longo prazo) está sendo interrompido. Assim, há um desenvolvimento quantitativo, baseado em gerações de dados, números ou estatísticas, por meio de avaliações ou atividades externas impostas e obrigatórias.

    Todas essas ações antidemocráticas, que desrespeitam a autonomia docente, ignorando as conquistas, que foram obtidas ao longo dos anos do século XX ao século atual, indicam que, claramente, as muitas ordens “de cima para baixo”, de forma objetiva e autoritária, como constam em nossa tradição histórica, retornaram para 2023, até agora em 2024. 

    Acrescida a isso, a Gestão Democrática para a educação pública, prevista pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), está sendo distorcida, senão ignorada, assim como outros princípios democráticos. Consequência disso, surgem mudanças com um único fundamento, no “porque eu quis”, por parte desse entusiasta.

    O modo de trabalho desse secretário em questão já era previsto pelo corpo docente, pois, como nunca havia trabalhado em escola pública como professor contratado ou professor efetivo, tampouco outros cargos pertinentes “ao chão da escola pública”, suas decisões seriam empolgantes e ingênuas. Por isso, sem quaisquer discursos e planejamentos fundamentados numa realidade complexa, gerariam esse resultado que é decepcionante: desrespeito à história da educação brasileira ou paulista.

    Por fim, uma questão que deva ser levantada e pairada é a seguinte: 

    Em 2024, diante dessa “luta” entre professores ou profissionais da Educação contra o entusiasta citado, no estado de São Paulo, quanto ao progresso à Educação, a população deve confiar nos professores, que são aqueles que cuidam, ensinam e educam seus filhos, no dia a dia, ou em somente um secretário?

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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