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    Chris Hedges

    Jornalista vencedor do Pulitzer Prize (maior prêmio do jornalismo nos EUA), foi correspondente estrangeiro do New York Times, trabalhou para o The Dallas Morning News, The Christian Science Monitor e NPR.

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    O último capítulo do genocídio

    Israel iniciou a fase final do seu genocídio. Os palestinos serão forçados a escolher entre a morte ou a deportação. Não há outras opções

    (Foto: Ilustração/Mr. Fish)

    Este é o último capítulo do genocídio. É o empurrão final e sangrento para expulsar os palestinos de Gaza. Sem comida. Sem remédios. Sem abrigo. Sem água potável. Sem eletricidade. Israel está rapidamente transformando Gaza em um caldeirão dantesco de miséria humana, onde palestinos são mortos às centenas e, em breve, novamente, aos milhares e dezenas de milhares — ou serão forçados a sair para nunca mais voltar.

    O capítulo final marca o fim das mentiras israelenses. A mentira da solução de dois Estados. A mentira de que Israel respeita as leis da guerra que protegem civis. A mentira de que bombardeia hospitais e escolas apenas porque são usados como bases pelo Hamas. A mentira de que o Hamas usa civis como escudos humanos, enquanto Israel rotineiramente obriga palestinos cativos a entrarem em túneis e edifícios possivelmente armadilhados antes das tropas. A mentira de que o Hamas ou a Jihad Islâmica Palestina (PIJ) são responsáveis — frequentemente acusados de lançar foguetes errantes — pela destruição de hospitais, instalações da ONU ou pelas mortes em massa de civis. A mentira de que a ajuda humanitária é bloqueada porque o Hamas sequestra caminhões ou contrabandeia armas. A mentira de que bebês israelenses foram decapitados ou que ocorreram estupros em massa cometidos por palestinos. A mentira de que 75% dos mortos em Gaza eram “terroristas”. A mentira de que o Hamas, por supostamente se rearmar e recrutar, é o responsável pelo colapso do cessar-fogo.

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    A face genocida de Israel está escancarada. O país ordenou a evacuação do norte de Gaza, onde palestinos desesperados acampam entre os escombros. Agora virá a fome em massa — a UNRWA alertou em 21 de março que restam apenas seis dias de suprimentos de farinha —, as mortes por doenças causadas por água e alimentos contaminados, e dezenas de mortos diariamente sob o bombardeio contínuo. Nada mais funciona: padarias, estações de tratamento de água e esgoto, hospitais — Israel explodiu o hospital turco-palestino, já danificado, em 21 de março —, escolas, centros de ajuda ou clínicas. Menos da metade dos 53 veículos de emergência da Sociedade do Crescente Vermelho Palestino ainda opera, e logo não restará nenhum.

    A mensagem de Israel é clara: Gaza será inabitável. Saia ou morra.

    Desde a terça-feira, 18 de março, quando Israel rompeu o cessar-fogo com bombardeios pesados, mais de 700 palestinos foram mortos, incluindo 200 crianças. Em apenas 24 horas, 400 palestinos foram mortos. E isso é só o começo. Nenhuma potência ocidental, incluindo os Estados Unidos — que fornecem as armas para o genocídio — pretende detê-lo. As imagens de Gaza após quase dezesseis meses de ataques já eram horríveis. O que virá será ainda pior. Rivalizará com os crimes de guerra mais atrozes do século XX, como o massacre e a destruição do Gueto de Varsóvia em 1943 pelos nazistas.

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    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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