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    Ben Norton

    Jornalista independente e editor do Geopolitical Economy Report

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    Trump ameaça punir a desdolarização

    ‘"Eu não permitirei que países abandonem o dólar", disse Trump

    Trump faz comício com proteção de vidro à prova de bala (Foto: Reuters)

    Publicado por Geopolitical Economy Report em 14 de setembro de 2024

    Donald Trump disse aos países: “Se vocês abandonarem o dólar, vocês não farão negócios com os Estados Unidos, porque nós aplicaremos tarifas de 100% sobre as suas mercadorias”. Países em todo o planeta estão buscando alternativas ao sistema financeiro dominado pelos EUA. No entanto, o ex-presidente Donald Trump prometeu que, se voltar à Casa Branca, punirá as nações que desdolarizarem."Manteremos o dólar dos EUA como a moeda de reserva mundial", prometeu Trump em um comício de campanha em Mosinee, Wisconsin, em 7 de setembro de 2024.

    "O dólar atualmente está sob grande ataque. Muitos países estão abandonando o dólar", lamentou o candidato presidencial republicano.

    "Eles não vão abandonar o dólar comigo", insistiu Trump. "Vou dizer: ‘Você abandona o dólar, não fará negócios com os Estados Unidos, porque vamos impor uma tarifa de 100% sobre seus produtos’".

     Trump fez comentários semelhantes em uma entrevista no programa “Squawk Box” da CNBC em 11 de março de 2024."Eu sou muito tradicionalista. Gosto de ficar com o dólar", disse ele.

    "Eu odeio quando os países abandonam o dólar. Eu não permitiria que os países abandonassem o dólar", prometeu o candidato republicano.

    Se os Estados Unidos perdessem o seu status de emissor da moeda de reserva global, ele argumentou, "isso seria como perder uma guerra revolucionária. Isso será um golpe para o nosso país, assim como perder uma guerra. E não podemos deixar isso acontecer".

    "Muitos países agora estão lutando para sair do dólar", reclamou Trump.

    A Bloomberg informou em abril que Trump e seus assessores econômicos estão elaborando políticas voltadas para punir países que se desdolarizarem, com ameaças de tarifas e sanções.

    "As discussões incluem penalidades para aliados ou adversários que busquem maneiras ativas de se engajar em comércio bilateral em moedas diferentes do dólar — com opções que incluem controle de exportação, acusações de manipulação cambial e tarifas", escreveu a Bloomberg.

    Trump já ameaçou impor tarifas generalizadas de “mais de” 60% sobre todos os produtos chineses.

    BRICS Impulsiona a Desdolarização

    O movimento global de desdolarização recebeu um grande impulso do bloco BRICS, composto por Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul.

    China e Rússia desdolarizaram mais de 90% de seu comércio bilateral, utilizando em vez disso rublos e renminbi (RMB, também conhecido popularmente como yuan).

    China e Brasil assinaram um acordo para abandonar o dólar no comércio bilateral, passando a utilizar o yuan e os reais.

    Rússia e Irã prometeram remover a intermediação do dólar em seu comércio bilateral.

    Até mesmo a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) firmou acordos para desdolarizar o comércio regional.

    Todas essas nações estão utilizando as suas próprias moedas para negociar entre si, evitando o uso do dólar.

    De longe, a maior economia dos BRICS é a China, que ultrapassou os Estados Unidos como a maior economia do mundo em 2017, com base em dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), com o PIB medido em paridade de poder de compra (PPC).

    Hoje, a China é o principal parceiro comercial da maioria dos países do planeta. Em apenas duas décadas, a participação da China no comércio global mais que triplicou, de apenas 4% em 2001 para mais de 14% em 2021, segundo a S&P Global.

    À medida que a economia da China crescia rapidamente, e suas capacidades de manufatura avançavam, ela também desdolarizou o seu comércio internacional.

    Os Emirados Árabes Unidos venderam gás para a China em troca de RMB, e o ministro da indústria da Arábia Saudita até disse que a nação produtora de petróleo estaria “aberta” para vender petróleo em yuan.

    De acordo com o FMI, em 2023, pouco mais da metade dos recebimentos e pagamentos externos da China foram conduzidos em sua própria moeda, o renminbi — um aumento impressionante em apenas duas décadas.

    gráfico de USD vs RMB

     Durante uma viagem à China em abril de 2023, o presidente brasileiro de esquerda, Lula da Silva, visitou a sede do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) dos BRICS, localizada em Xangai.

    A atual líder do NDB é a ex-presidente do Brasil, Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores, de Lula. Ela prometeu desdolarizar os empréstimos do NDB, oferecendo empréstimos nas moedas locais dos membros.

    Em um discurso inflamado no banco dos BRICS, Lula declarou: "Todas as noites me pergunto por que todos os países têm que basear o seu comércio no dólar".

    Sob aplausos entusiásticos dos demais membros do BRICS, o líder brasileiro perguntou: "Por que não podemos fazer comércio baseado em nossas próprias moedas?"

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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