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      Cláudio Magnavita

      Diretor de redação do Correio da Manhã

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      Uma aquisição que fortalece o BRB e coloca o banco muito além do quadrilátero do DF

      Com a aquisição, o banco finca a sua bandeira no coração da Faria Lima

      Banco Regional de Brasília BRB (Foto: Divulgação)

      Para se compreender a verdadeira dimensão da importância da aquisição do Banco Master para o BRB é só prestar atenção na dimensão territorial do Distrito Federal. O quadrilátero tem apenas 5.760,784 km². O Banrisul, Banco do Estado do Rio Grande do Sul, tem jurisprudência sobre um estado que possui uma extensão territorial de 281.730,2 km². Um pouco mais do que 48 vezes a área do DF. Os gaúchos estão em quinto lugar no PIB nacional e o Distrito Federal em oitavo. O PIB do DF é 9 vezes menor do que o de São Paulo e 3,4 menor do que o do Rio.

      As características do BRB, diferente dos outros bancos estaduais, não só pelo tamanho territorial, mas por um detalhe que a sua própria localização geográfica da sua sede revela: ele tem como principais concorrentes os vizinhos Banco do Brasil e Caixa Econômica. As sedes das duas instituições federais ficam a poucos passos da sua. Para o BRB só existe uma única solução: crescer, crescer e crescer. Furar as limitações geográficas de uma marca local e operar de forma parruda no território nacional.

      Com a aquisição, o banco finca a sua bandeira no coração da Faria Lima. Inverte a ordem: passa a ser vizinho das grandes instituições privadas.

      A reação dos privados é proporcional à ousadia de colocar o BRB como um banco altamente competitivo, como já tinha ocorrido antes de patrocinar o Clube de Regatas do Flamengo. Só que com uma diferença: o novo banco passa a ter produtos e capilaridade competitiva.

      Um banco estadual é detentor da folha de pagamento do seu ente federativo. Algo que é desejado e que os privados pagam fortunas.

      Um dos produtos mais nobres do Master é o Credcesta, especializado em servidores públicos estaduais e municipais. São convênios realizados com os governos estaduais e prefeituras que oferecem aos servidores uma linha de crédito com juros reduzidos, já que o risco de inadimplência é zero. Nascido na Bahia, o serviço dedicado ao funcionalismo público virou um fenômeno. No estado do Rio de Janeiro, tornou-se uma ferramenta de empoderamento do servidor. Só o Credcesta justificaria o investimento de R$ 2 bilhões. São 50 lojas próprias em todos os estados brasileiros. Se um banco privado conseguiu essa expansão, imaginem o que ocorrerá sob o guarda-chuva de um banco estadual e com um funding mais barato? Só a folha de pagamento do estado do Rio de Janeiro foi avaliada em R$ 2 bilhões, na disputa entre o Itaú e Bradesco. Poder conversar com este universo do funcionalismo público é uma pepita de ouro.

      Alguns grandes bancos estavam agindo como abutres e desejando o BRB. A técnica é impedir o crescimento e comprar a instituição oficial na bacia das almas. O Banco de Brasília fugiu destas armadilhas. Começou andar além fronteiras, montou salas vips em aeroportos e passou a ser visto como uma instituição comercialmente agressiva.

      O Banco do Brasil utilizou a técnica de aquisições como estratégia de crescimento. Na lista, a incorporação do Banco do Estado de Santa Catarina, as aquisições do Banco Patagônia, Eurobank na Flórida e Banco Nossa Caixa, incorporação do Bescval e parceria com Votorantim.

      A reação dos concorrentes, que foram surpreendidos pelo acordo BRB/Master, gerou debates e, infelizmente, também deu margem a desinformações e especulações infundadas. É fundamental, portanto, esclarecer o que está em jogo e por que esta operação representa um passo estratégico importante para o fortalecimento do BRB, e para o sistema financeiro nacional como um todo.

      A operação, que ainda será analisada pelos órgãos reguladores competentes, segue todos os requisitos legais e prudenciais, sendo conduzida com total transparência e respaldo técnico, jurídico e financeiro. Trata-se de uma movimentação estruturada com responsabilidade, visando a consolidação de um dos maiores conglomerados financeiros do país.

      Do ponto de vista econômico, a união entre BRB e Banco Master oferece ganhos claros de escala, eficiência e rentabilidade, com presença complementar e expertise em diferentes segmentos. Os dois bancos se unem para formar uma instituição mais robusta, com capacidade ampliada de oferta de crédito e serviços.

      A aquisição permitirá ao BRB expandir sua atuação em áreas estratégicas, como cartão de crédito consignado, câmbio, mercado de capitais e crédito para grandes empresas. Além disso, amplia sua presença nacional em crédito imobiliário e rural, setores essenciais para o desenvolvimento econômico e social do país.

      Em um cenário onde o crédito ainda é concentrado nas mãos de poucos grandes bancos, a formação de um novo ator com musculatura nacional ajuda a fomentar a concorrência, o que tende a beneficiar os consumidores com mais opções, melhores serviços e taxas mais competitivas.

      No lugar da desinformação, o debate público precisa se pautar por fatos, dados e análise técnica. O Brasil precisa de mais concorrência, mais acesso a crédito e mais inovação no setor bancário. E é exatamente isso que essa iniciativa propõe. É exatamente neste ponto que a reação da concorrência pode ser sentida pela onda de desinformação alimentada por um sistema de informação econômica que é controlado exatamente por instituições financeiras que não desejam um BRB fora do seu quadrilátero geográfico e com a bandeira fincada na Faria Lima.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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