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    “O Brasil é o país central para o reencontro do equilíbrio entre economia e ecologia”, diz Patrícia Iglecias

    Professora destacou o papel do Brasil no mercado de créditos de carbono e na transição ecológica

    Patrícia Iglecias (Foto: Kym Willer/LIDE)

    247 – No encontro empresarial promovido pelo Lide em Lisboa, Patrícia Iglecias, professora, superintendente de Gestão Ambiental da USP, destacou o papel central do Brasil na reconciliação entre desenvolvimento econômico e proteção ambiental. O evento, realizado em Portugal, reuniu líderes e especialistas para debater temas relevantes como economia circular e a era do carbono. Durante sua apresentação, Iglecias sublinhou: “A América Latina representa 22% do comércio mundial de créditos, com destaque para os créditos de reflorestamento e uso da terra”.Ao longo de sua fala, Iglecias trouxe uma abordagem histórica, explicando a origem dos termos “economia” e “ecologia” e sua conexão com o conceito de “oikos”, que em grego significa “casa”. “Precisamos compreender que economia e ecologia se propõem ao estudo do mesmo ‘oikos’, mas sob perspectivas diferentes. A crise ambiental atual é, na verdade, uma ruptura do equilíbrio entre esses dois pontos de vista”, explicou.

    Era do Carbono e Sustentabilidade Empresarial

    Iglecias chamou a atenção para a era do carbono, que teve início em 2013 com a detecção pelo Observatório de Mauna Loa de uma concentração de CO2 na atmosfera superior a 400 ppm. “Desde então, a influência humana sobre o meio ambiente tornou-se uma questão incontestável. O Brasil, com políticas pioneiras como o Pró-Álcool e o Proinfa, já trazia soluções antes mesmo dessa era”, comentou Iglecias.Ela enfatizou que, apesar de o mercado brasileiro de créditos de carbono ainda estar em desenvolvimento, o potencial para crescimento e regulação é vasto. A recente aprovação do projeto de lei sobre o mercado de carbono pelo Senado foi vista como um avanço crucial. “Agora, é essencial um esforço da Câmara para a aprovação desse projeto, que é vital para viabilizar a economia circular no Brasil e promover práticas econômicas mais sustentáveis”, afirmou.

    Exemplos Práticos e Sustentabilidade Corporativa

    Iglecias mencionou exemplos práticos de economia circular e sustentabilidade, como o uso de biodigestores para produção de biogás a partir de resíduos orgânicos na USP, destacando o potencial para atender grandes centros como São Paulo. “Essas soluções mostram como a economia circular pode reduzir emissões, aumentar a vida útil de aterros e fortalecer a sustentabilidade urbana”, explicou.Iglecias também destacou os impactos das atividades econômicas na agricultura, segurança alimentar e saúde humana. “A sustentabilidade não é apenas uma questão ambiental, mas uma necessidade econômica. Devemos adotar uma abordagem holística para garantir que nossas atividades econômicas continuem de maneira equilibrada, respeitando os limites planetários”, reforçou.

    Desafios Legislativos e Ética Sustentável

    A professora fez um apelo aos parlamentares presentes, ressaltando a importância de proibir a importação de resíduos que prejudica setores como o de catadores e cooperativas. “A importação de resíduos desvaloriza o trabalho local e precisa ser revista com urgência para fortalecer nossa economia circular”, alertou Iglecias.Concluindo sua apresentação, ela mencionou o imperativo categórico de Hans Jonas: “Aja de modo que os efeitos da atuação sejam compatíveis com a permanência de uma autêntica vida sobre a Terra”. Iglecias finalizou: “Que possamos agir com responsabilidade e que nossa atividade econômica reflita uma verdadeira sustentabilidade”. Assista:

     


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