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    Plano piloto de resiliência urbana será implementado em 9 municípios do Rio de Janeiro

    Iniciativa faz parte do 'Rio Inclusivo e Sustentável', realizado em parceria com a ONU Habitat, com um investimento de US$ 1,3 milhão. Objetivo é prevenir tragédias climáticas

    Paraty (RJ) (Foto: Reuters/Eddie Keogh)

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    247 - Nove municípios do estado do Rio de Janeiro foram selecionados para a implementação de um plano piloto destinado a fortalecer a resiliência urbana e prevenir tragédias climáticas. Esta iniciativa faz parte do projeto estadual Rio Inclusivo e Sustentável, realizado em parceria com a ONU Habitat, com um investimento de US$ 1,3 milhão.

    Os municípios escolhidos são Paraty, Angra dos Reis e Mangaratiba, na Costa Verde; Nova Iguaçu, Duque de Caxias e Belford Roxo, na Baixada Fluminense; e Petrópolis, Nova Friburgo e Teresópolis, na Região Serrana. Estas cidades têm sido significativamente afetadas por chuvas intensas nos últimos anos. O anúncio foi feito durante a segunda edição do evento Diálogos RJ, promovido pelo jornal O Globo.

    Larissa Ferreira da Costa, assessora especial de Cidades Resilientes da Secretaria Estadual do Ambiente e Sustentabilidade, destacou a necessidade de adaptar as ações às particularidades de cada município para enfrentar eventos climáticos extremos. "As ações são na ponta. Muitas vezes os municípios não têm capacidade técnica e financeira para conduzir uma série de ações, e o papel do estado é fortalecer essa capacidade," explicou Larissa durante o evento.

    O plano piloto prevê a capacitação para fortalecer a resiliência urbana e climática, a avaliação de riscos com autoridades municipais e a comunidade, e a criação de um Marco de Ação de Resiliência. Este marco incluirá estratégias de adaptação específicas para cada território.

    Além deste projeto, outros 10 municípios serão contemplados pelo projeto Adapta Cidades, do Ministério do Meio Ambiente, com a colaboração do governo do estado. O objetivo é fornecer consultoria para a criação de metodologias de adaptação climática de curto, médio e longo prazos.

    O aumento das chuvas na América do Sul desde a década de 1950 tem tornado a população mais vulnerável a desastres climáticos. José Antônio Marengo Orsini, climatologista do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), destacou a urgência de criar uma cultura de prevenção e percepção do risco. "As pessoas não morrem por causa das chuvas, mas pelo desastre deflagrado por elas. Temos tido chuvas intensas e é possível que no ano que vem tenhamos chuvas ainda mais intensas," afirmou Marengo.

    A Defesa Civil do estado do Rio já oferece treinamentos para lidar com desastres, preparando agentes das Forças Armadas, autoridades estaduais e municipais, e a sociedade civil. Kellen Salles, diretora da escola de treinamento, enfatizou a importância de preparar a população para situações de risco.

    Carlos Machado, coordenador do Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastres em Saúde Pública da Fiocruz, ressaltou a necessidade de investimentos federais e estaduais nos municípios. "As estruturas de defesa civil são precárias nesses locais, não há pontos de apoio, abrigos e nem hospitais suficientemente preparados," disse Machado.

    O economista Gustavo Mello, especialista em Gerenciamento de Riscos pela Coppe-UFRJ, apontou o projeto do reservatório da Praça da Bandeira, no Rio de Janeiro, como um exemplo bem-sucedido de intervenção para prevenir enchentes. "Existem intervenções de engenharia que podem ser replicadas, como a obra da Praça da Bandeira, além de outras para desassorear e recuperar as margens dos rios, e as obras de contenção de encostas," explicou Mello.

    A urbanização desordenada e a impermeabilização do solo no estado do Rio de Janeiro têm agravado os problemas de inundações. Douglas Ruas, secretário estadual de Cidades, destacou a necessidade de investimentos em infraestrutura para a canalização e retenção de água das chuvas, mas lamentou a falta de recursos. "Não vemos a urgência climática ter prioridade no orçamento público federal. É preciso autonomia financeira para tornar as cidades resilientes," afirmou Ruas.

    O evento contou ainda com a participação de Marcio Romano, subsecretário de Defesa Civil do Rio; Marcelo Motta, geógrafo e diretor de Meio Ambiente da PUC-Rio; e Matheus Martins, especialista em Recursos Hídricos e Meio Ambiente da UFRJ.

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