Advogado refuta envolvimento de 'kid preto' em plano para matar Lula e diz que 'ele é bode expiatório'
"Acusam ele por causa de um celular que estão tentando incluir [na investigação]. Por isso, ele é o bode expiatório", disse o advogado Jeffrey Chiquini
247 - O advogado do tenente-coronel Rodrigo Bezerra Azevedo, Jeffrey Chiquini, se manifestou nesta sexta-feira (29) em entrevista ao UOL, refutando as acusações de que seu cliente estaria envolvido no plano Punhal Verde e Amarelo, orquestrado para matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Segundo o advogado, Azevedo foi preso pela Polícia Federal de forma injusta, sendo considerado um "bode expiatório" para implicar as Forças Especiais (FE) do Exército, os chamados “kids pretos”, unidade de elite da qual fazia parte.
Azevedo, que se encontra detido desde a semana passada no Rio de Janeiro, é acusado pela PF de ter participado do plano junto com outros indivíduos, como o policial federal Wladimir Matos Soares, o general da reserva Mario Fernandes e os tenentes-coronéis Hélio Ferreira Lima e Rafael Martins de Oliveira. O suposto objetivo do grupo seria "impedir a posse do governo legitimamente eleito" e restringir o funcionamento da democracia e do Poder Judiciário brasileiro, conforme as investigações.
Na entrevista, o advogado de Azevedo, no entanto, negou qualquer envolvimento do tenente-coronel e das Forças Especiais no plano. "Ele não participou e não tinha conhecimento", afirmou Chiquini, destacando que, caso houvesse tal plano, as Forças Especiais não teriam envolvimento.
As FE, também conhecidas como "kids pretos", são especializadas em operações de alto risco e foram associadas pela PF à execução do plano, que teria sido articulado por militares aliados de Jair Bolsonaro (PL).
O único vínculo que a Polícia Federal aponta entre Azevedo e o plano seria o uso de seu celular, que, segundo o advogado, se tornou a "única ponta" a vincular as Forças Especiais à trama. "Acusam ele por causa de um celular que estão tentando incluir [na investigação]. Por isso, ele é o bode expiatório", afirmou Jeffrey Chiquini.
De acordo com a PF, Azevedo teria atuado na operação "Copa 2022", parte do Punhal Verde e Amarelo, com o objetivo de matar o ministro Alexandre de Moraes. Durante o planejamento dessa operação, Azevedo usava o codinome "Brasil", e sua comunicação era feita por meio do aplicativo Signal, que garante segurança e criptografia. Para dificultar a identificação, o tenente-coronel teria utilizado linhas telefônicas registradas em nome de terceiros e trocado frequentemente de chips e aparelhos.
O celular usado na operação "Copa 2022" teria o número de identificação Imei 866876054007113, e após a operação, Azevedo passou a utilizar um novo aparelho associado a uma linha telefônica em seu nome, conforme a investigação. O militar prestou um depoimento de quatro horas à PF nesta quinta-feira (28), onde negou qualquer participação no plano e declarou que não pretende firmar um acordo de delação premiada, como afirmou seu advogado: "Nada de delação, que é coisa de culpado."
Rodrigo Bezerra Azevedo foi preso preventivamente durante a operação Contragolpe, em 19 de novembro, mas, apesar da detenção, não figura entre os 37 indiciados pela PF por crimes como golpe de Estado e organização criminosa. Ainda segundo a reportagem, Chiquini convocou uma coletiva de imprensa para detalhar as circunstâncias que levaram a PF a associar o celular de Azevedo às Forças Especiais do Exército.
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