Braga Netto cogitou usar dinheiro do PL para financiar golpe
Após receber a recusa do partido, os golpistas foram atrás do dinheiro do agronegócio para financiar a trama
247 - Em sua delação premiada, tornada pública nesta quarta-feira (19), o tenente-coronel Mauro Cid afirmou que o general Walter Braga Netto cogitou usar dinheiro do PL, partido de Jair Bolsonaro, para financiar uma tentativa de golpe de Estado no Brasil em 2022. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) retirou o sigilo da colaboração de Cid após a Procuradoria-Geral da República denunciar os envolvidos na trama golpista. As informações são do jornal O Globo.
O militar explicou que procurou Braga Netto para tratar da solicitação de dinheiro para o golpe. O general teria orientado que Cid buscasse o apoio do PL para viabilizar o financiamento. "O colaborador procurou o General Braga Netto informando dessa solicitação e recebeu como resposta a indicação de que procurasse o PL – Partido Liberal para obter o dinheiro necessário para a operação", diz a transcrição do depoimento.
Cid também relatou que, durante uma conversa com Braga Netto, o general teria afirmado que os militares envolvidos no movimento para reverter o resultado das eleições estavam "precisando de dinheiro". "Aí o general deu a ideia: 'Peça para eles fazerem uma solicitação, o que eles precisam inicialmente e nós vamos ver se o partido consegue bancar alguma coisa'", afirmou Cid ao ministro Moraes.
Ainda conforme o depoimento, Cid foi instruído a conversar com um "coronel do PL" para verificar a possibilidade de financiamento, mas o partido se recusou a apoiar a operação, tanto com manifestantes quanto com recursos materiais. "Aí eu voltei no General Braga Netto e ele falou: 'Vou dar um jeito, vou tentar conseguir por outros caminhos'", revelou Cid.
A estratégia do general, segundo o ex-ajudante de ordens, foi buscar apoio financeiro junto a empresários do agronegócio. "Então, o General Braga Netto entregou e ele comentou que era alguém do agro que tinha dado. Mas eu não sei o nome de quem foi, quem passou pra ele o dinheiro", disse Cid, detalhando ainda que o dinheiro foi entregue ao coronel Rafael de Oliveira em uma sacola de vinhos.
O depoimento de Mauro Cid também revelou outros detalhes sobre a reunião secreta que ocorreu em 12 de novembro de 2022, na residência de Braga Netto. Segundo o tenente-coronel, ele foi instruído a se retirar do encontro, pois o general queria evitar envolver Bolsonaro diretamente no plano. "Quando entrou no nível das ideias, o general Braga Netto interrompeu e falou assim: 'Não, o Cid não pode participar, tira o Cid porque ele está muito próximo ao Bolsonaro'", explicou.
Cid também descreveu discussões em torno de formas de mobilizar a população, como a utilização de caminhoneiros e o bloqueio de estradas, para pressionar o Exército a declarar estado de sítio e assim permitir a reversão do resultado das eleições. "E aí começaram a surgir algumas ideias: não, vamos mobilizar os caminhoneiros, parar o país; não, vamos bloquear estrada", detalhou o militar.
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