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    Celso Amorim critica "interferência" externa e diz que países da América Latina devem encontrar solução para crise venezuelana

    Ele também descartou a possibilidade de alinhamento automático à posição dos EUA, que reconheceram a vitória do opositor Edmundo González Urrutia

    Ex-chanceler Celso Amorim (Foto: REUTERS/Carla Carniel)

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    247 - O ex-chanceler brasileiro Celso Amorim, assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para assuntos internacionais, que acompanhou as recentes eleições na Venezuela, defendeu que a resolução do impasse sobre o resultado do pleito seja conduzida através do diálogo entre países latino-americanos e disse ver “interesses extrarregionais” em meio às tensões políticas no país sul-americano. 

    "[O governo brasileiro] tem tido uma visão muito parecida com a do México e a da Colômbia, que são países diretamente interessados em resolver pacificamente essa situação", disse Amorim nesta sexta-feira (2), em entrevista à CNN Brasil. "Acho que as interferências extrarregionais, quando eu digo extrarregionais eu incluo o hemisfério, acho que isso é uma coisa latino-americana, que os latino-americanos têm que resolver", completou. 

    O Brasil ainda não reconheceu oficialmente a vitória de Nicolás Maduro, anunciada no domingo (28) pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano, solicitando a divulgação das atas de votação antes de se posicionar. Em contraste, os Estados Unidos declararam que o candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, teria vencido o pleito.

    "Acho difícil que o Brasil vá seguir o caminho dos Estados Unidos [de reconhecer a vitória de Edmundo González]. Acho que um estudo mais próximo, não sei exatamente como, o nosso chanceler Mauro Vieira também está muito ativo nessas conversas. Eu acho que essas conversas podem nos indicar o caminho certo para encontrar a solução", ressaltou.

    Ele também enfatizou a independência da política externa brasileira e descartou um alinhamento automático à posição estadunidense, como feito nesta sexta-feira pelo presidente argentino de extrema direita, Javier Milei. "Nós não vamos seguir automaticamente. Há muito tempo o Brasil já abandonou a política do alinhamento automático, com quem quer que seja", afirmou Amorim. 

    O ex-chanceler também criticou as sanções impostas à Venezuela pelos EUA, classificando-as como "um erro norte-americano" e que “a retirada das sanções teria facilitado muito o transcurso da eleição, assim como a presença da União Europeia — que o presidente Maduro rejeitou, mas rejeitou justamente porque a União Europeia queria participar da apuração, acompanhar a eleição, mas mantendo as sanções”, disse.

    “Essa política de sanções é uma política muito errada, que nós condenamos em todos os termos. Isso não é justo, quem mais sofre com isso é o povo venezuelano, não é o Maduro nem os auxiliares”, completou.

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