Com Tedros e Nísia, Lula defende investimentos em saúde
Presidente destacou que é necessário “dinheiro para fazer as coisas acontecerem”
Infomoney - Em sua última agenda oficial antes de deixar o Rio de Janeiro (RJ) rumo a Brasília (DF), após ser anfitrião da Cúpula de Líderes do G20 (grupo formado pelas 19 maiores economias do mundo, mais a União Europeia e a União Africana), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu maiores investimentos na saúde em nível global e se disse um “soldado” em busca de recursos para a Organização Mundial da Saúde (OMS).
As declarações de Lula foram dadas no fim da tarde desta terça-feira (19), ao lado da ministra da Saúde do governo brasileiro, Nísia Trindade, e do presidente da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio.
“Eu perguntei ao Tedros o orçamento da saúde para vocês fazerem uma comparação. Enquanto a OMS recebe US$ 2,5 bilhões por ano para tentar ajudar problemas de saúde no mundo inteiro, a gente tem [no mundo], só para guerras, um orçamento de US$ 2,4 trilhões”, comparou Lula.
“Para destruir vidas e para destruir a infraestrutura que levou anos para ser construída, os países ricos investem muito mais do que para salvar vidas. Essa é a contradição do mundo em que vivemos hoje”, criticou o presidente.
“Eu já participei de muitas reuniões, fóruns, G7, G20, e as pessoas mais necessitadas nunca entram no tema. É muito difícil convencer as pessoas a discutirem as necessidades básicas e vitais do nosso povo”, prosseguiu Lula.
“Se os líderes compreendessem que essas pessoas que estão passando fome poderiam ser curadas se tivessem acesso à saúde adequada e à alimentação adequada… Possivelmente porque as pessoas que governam o mundo não viveram isso, o tema não está na prioridade deles”, disse o presidente brasileiro.
“Todos os países podem arrumar um pouco de dinheiro”
Lula destacou que é necessário “dinheiro para fazer as coisas acontecerem”.
“Decidimos fazer esse debate sobre a saúde no G20. É um caminho extremamente importante para darmos às pessoas que têm responsabilidade de cuidar da saúde a segurança de que vamos investir para que a gente não veja mais o sofrimento das pessoas que morreram de Covid, muitas vezes por falta de vacina”, disse Lula.
“Eu sou um soldado nessa luta para que a gente possa arrecadar o dinheiro suficiente para que a OMS possa cumprir com a sua função. O problema não é falta de dinheiro. Todos os países, por mais pobres que sejam, podem arrumar um pouco de dinheiro. E um pouco de cada um vai fazer um monte de dinheiro”, concluiu o presidente da República.
Agenda cheia, mas sem entrevista
Nesta terça, após a sessão de encerramento da Cúpula de Líderes e da transmissão da presidência do G20 do Brasil para a África do Sul, Lula teve um almoço com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
À tarde, o presidente brasileiro também se reuniu com o primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, e o premiê do Reino Unido, Keir Starmer.
Lula cancelou uma entrevista coletiva que estava marcada para esta tarde, às 17h30. Jornalistas brasileiros e da imprensa internacional já se posicionavam para ouvir o presidente da República, mas, por volta das 16h50, a assessoria do Planalto informou que a coletiva havia sido cancelada.
Oficialmente, pelo menos até este momento, a Presidência da República não informou os motivos para o cancelamento da entrevista de Lula. Extraoficialmente, no entanto, o argumento é o de que Lula teve uma série de reuniões e compromissos durante a tarde, e as agendas teriam se encavalado, atrasando a programação.
Nos bastidores, a informação é a de que Lula não gostaria de comentar a operação da Polícia Federal (PF) sobre a organização criminosa que teria planejado seu assassinato. A avaliação do presidente é que o assunto poderia, de alguma forma, encobrir a repercussão da cúpula do G20, considerada altamente positiva pelo governo brasileiro. Como seria praticamente impossível evitar perguntas sobre a operação da PF, Lula teria optado por não conceder a entrevista.
O embarque de Lula de volta a Brasília (DF) está marcado para as 18h15, segundo a agenda oficial da Presidência. O presidente deve chegar à capital federal às 19h40.
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