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Coronel acusa Mourão e Exército de corrupção na compra de simulador

Rubens Pierrotti Jr. aponta direcionamento para favorecer a fornecedora, pagamentos antecipados, tráfico de influência e desperdício de dinheiro público

Hamilton Mourão (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)

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247 - O coronel da reserva Rubens Pierrotti Jr. lançou recentemente o livro "Diários da Caserna: Dossiê Smart: A História que o Exército Quer Riscar", onde faz acusações de corrupção contra o Exército Brasileiro e alguns de seus oficiais, incluindo o ex-vice-presidente e atual senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS).

Em um estilo similar ao de "Elite da Tropa", de Rodrigo Pimentel, Pierrotti opta por um "roman à clef", uma narrativa fictícia que esconde eventos reais trocando apenas os nomes dos envolvidos, explica a Folha de S. Paulo. O personagem Battaglia, alter ego do autor, relata irregularidades na compra de um simulador de apoio de fogo da empresa espanhola Tecnobit, adquirido por 13,98 milhões de euros (cerca de R$ 83 milhões pelo câmbio atual).

Pierrotti, que atuou como supervisor operacional do projeto entre 2010 e 2014, aponta direcionamento para favorecer a Tecnobit, pagamentos antecipados, tráfico de influência e desperdício de dinheiro público. Ele afirma que o equipamento foi reprovado oito vezes pelo corpo técnico do Exército, mas a compra foi concretizada sob a supervisão de Mourão, que destravou o processo apesar das reprovações.

Essas denúncias não são inéditas. Em 2018, um dossiê apócrifo com 1.300 páginas foi enviado à plataforma BrasilLeaks e divulgado pelo jornal El País, que entrevistou Pierrotti. No livro, o coronel detalha ainda mais as acusações, incluindo relações impróprias entre generais, a empresa contratada e lobistas, além de alegações de espionagem para justificar a compra.

Mourão e o Exército negam veementemente as acusações. O Ministério Público Militar e o Tribunal de Contas da União (TCU) arquivaram as denúncias, apesar das irregularidades apontadas pela área técnica do TCU. Em resposta ao livro, Mourão classificou as alegações como "fake" e, em 2018, afirmou que Pierrotti era "ressentido" e "descompensado com mania de perseguição".

O livro também menciona outros envolvidos, como o general Marco Aurélio Vieira, ex-secretário de Esporte do governo Bolsonaro, e os ex-comandantes do Exército Enzo Peri e Eduardo Villas Bôas. Pierrotti critica a leniência do Exército com as irregularidades e os hábitos arraigados de confusão entre o público e o privado.

Indagado sobre as denúncias, o Exército afirmou que "preza pela correta execução da administração pública" e destacou a economia de recursos com a implantação do simulador. No entanto, as investigações da SecexDefesa, unidade técnica do TCU, indicaram direcionamento no processo licitatório e tentativa de dispensa de licitação.

Após a publicação do livro, Pierrotti afirmou que o Exército deveria utilizar a obra como estudo de caso para evitar a repetição desses problemas. "Eu sinceramente acho que o Exército está precisando fazer terapia. Porque não admite seus problemas e, sem isso, eles nunca serão corrigidos," declarou o coronel.

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