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Em depoimento à PF, Ramagem entrega ex-assessores como responsáveis pela Abin Paralela do governo Bolsonaro

Ex-chefe da Abin atribuiu a responsabilidade pela estrutura clandestina a dois ex-servidores da agência: Marcelo Bormevet e também Giancarlo Gomes

Alexandre Ramagem, diretor-geral da Abin no governo Jair Bolsonaro (Foto: Divulgação I Abin I Agência Brasil )

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247 - O ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) atribuiu a dois ex-assessores a responsabilidade pelo funcionamento da chamada “Abin paralela”, que teria monitorado ilegalmente ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), políticos, jornalistas, opositores e críticos durante o governo Jair Bolsonaro (PL). Segundo a coluna do jornalista Fausto Macedo, do jornal O Estado de S. Paulo, às declarações foram feitas à Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira (17), no âmbito do inquérito que apura o suposto esquema de monitoramento ilegal feito por agentes da Abin.

“Ao tentar se esquivar de responsabilidade pela estrutura clandestina, Ramagem indicou os nomes do policial federal Marcelo Araújo Bormevet e do sargento do Exército Giancarlo Gomes Rodrigues - ambos presos desde quinta-feira, 13, na Operação Última Milha”, destaca um trecho da reportagem. Durante o depoimento, Ramagem foi submetido a mais de 100 perguntas.

Um dos tópicos abordados foi o áudio divulgado na segunda-feira (15), no qual o atual deputado federal e pré-candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro orienta a defesa do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-mandatário, sobre a melhor forma de questionar a conduta dos auditores fiscais que elaboraram o relatório de inteligência que colocou Flávio na mira das investigações de um suposto esquema de “rachadinha” em seu gabinete na época em que ocupava uma cadeira de deputado estadual pelo Rio de Janeiro.

A declaração de Ramagem, porém, contradiz a representação de 187 páginas da Polícia Federal que fundamentou a abertura da quarta fase da Operação Última Milha. No documento, os investigadores afirmam que Ramagem teria ordenado o monitoramento dos três auditores fiscais responsáveis pelo Relatório de Inteligência Financeira (RIF).

A ação clandestina foi descrita pela PF como “urgente”, “seguindo o modus operandi da organização criminosa para descobrir 'podres e relações políticas' dos auditores”. O levantamento ilegal deveria ser registrado em um documento do Word, o que, segundo os investigadores, revela o caráter extraoficial da ação.

Os diálogos que envolvem o agente da PF Marcelo Araújo Bormevet e o militar Giancarlo Gomes Rodrigues – ambos integrantes do Centro de Inteligência Nacional (CIN) da Abin e auxiliares de Ramagem – foram encontrados pela PF. Eles discutem as pesquisas envolvendo os auditores da Receita. Segundo a PF, as diligências ocorreram em novembro de 2020 e os resultados foram repassados a Ramagem em dezembro daquele ano.

O caso foi investigado em uma sindicância, na qual a PF afirmou que Ramagem “parece ter faltado com a verdade em seu depoimento como testemunha, pois não considerou a diligência de achar podres e relações políticas como a confecção de dossiês dos servidores da Receita”.

Na sindicância, Ramagem foi questionado se tinha conhecimento da produção de um documento por Bormevet para atender a uma possível solicitação das advogadas de Flávio Bolsonaro. “Não há possibilidade do servidor Marcelo Bormevet ter elaborado qualquer documento para o senador Flávio Bolsonaro ou para as advogadas. Inclusive, suas atribuições estão relacionadas à coordenação de pesquisas para nomeações e em apoio à produção de conhecimentos para os setores da Abin, quando demandado”, disse na ocasião.

Bormevet, por sua vez, alegou que “nem o diretor-geral da Abin, nem qualquer outra pessoa demandou isso ao depoente, e que o depoente tampouco executou qualquer pesquisa nesse sentido, nem elaborou qualquer documento ou relatório para auxiliar a defesa do senador Flávio Bolsonaro ou de qualquer outro parlamentar ou agente público”.

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