Gleisi critica 'estigmatização' dos beneficiários do Bolsa Família como apostadores

247 - A presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), criticou a associação feita entre o vício de apostas em jogos online e os beneficiários do programa Bolsa Família e reforçou a necessidade de proibição da publicidade de jogos de azar, incluindo aqueles previstos na Lei das Bets.

“Vício de apostas é nocivo e atinge toda sociedade, não só o pessoal do Bolsa Família, q está sendo estigmatizado outra vez. O perverso do negócio é a publicidade, que tem de ser proibida, e estamos propondo ao Congresso. É o mesmo tratamento dado ao cigarro, álcool, produtos infantis e até remédios”, escreveu Gleisi na rede social BlueSky. 

No início deste mês, a parlamentar apresentou um projeto de lei visando coibir a publicidade e a divulgação de empresas de apostas e produtos relacionados a jogos de azar com o objetivo de alinhar as práticas do mercado com princípios de responsabilidade social, visando proteger os consumidores mais vulneráveis. 

Mesta linha, o deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG) também propôs uma medida visando proibir o uso tanto dos cartões de crédito quanto das contas vinculadas ao programa Bolsa Família para realizar apostas, sejam online ou em estabelecimentos físicos.

Um estudo, realizado pelo Instituto Locomotiva, apontou que o número de apostadores no Brasil atingiu 52 milhões nos últimos cinco anos, com 79% pertencendo às classes C, D e E. Segundo dados do Banco Central, cerca de 5 milhões de pessoas atendidas pelo Bolsa Família enviaram R$ 3 bilhões para empresas de apostas via PIX.

No ano passado, os gastos com apostas online somaram mais de R$ 50 bilhões. No período entre julho de 2023 e julho de 2024, esse montante saltou para mais de R$ 68 bilhões, com perdas estimadas em cerca de R$ 24 bilhões.

Na quarta-feira (25), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou que o governo está preparando um projeto para regulamentar as apostas esportivas online por meio das chamadas 'bets'. “Vamos ter no Ministério da Fazenda um sistema de controle. Vai impedir a pessoa de apostar com cartão de crédito. Vamos ter, CPF por CPF, quem está apostando, tudo sigiloso. Vamos poder ter um sistema de alerta em relação a pessoas que demonstrem dependência psicológica do jogo", disse Haddad.

Na terça-feira, durante um evento organizado pelo Brasil e pela Espanha na Organização das Nações Unidas (ONU), o presidente Lula (PT) já havia sinalizado que o governo tem se preocupado com o endividamento de pessoas de baixa renda causado por apostas online. "Estamos percebendo no Brasil o endividamento das pessoas mais pobres tentando ganhar dinheiro fazendo aposta. É um problema que vamos ter que regular, senão daqui a pouco vamos ter cassino funcionando dentro da cozinha de cada casa”, disse o presidente.