Mourão admite que houve pensamento de ruptura entre os militares, mas não ação golpista
Senador afirma que conspiração foi ‘tabajara’ e destaca que o Exército agiu dentro da legalidade após derrota de Bolsonaro
247 – Em entrevista ao jornal O Globo, o senador e ex-vice-presidente da República, Hamilton Mourão (Republicanos-RS), admitiu que houve discussões entre setores das Forças Armadas sobre uma possível ruptura institucional após a derrota de Jair Bolsonaro para Lula em 2022. No entanto, ele descartou qualquer movimentação concreta, classificando a articulação como uma "conspiração tabajara". Segundo Mourão, o Exército se manteve dentro dos parâmetros de legalidade, legitimidade e estabilidade.
“É óbvio que uma reversão de um processo eleitoral na base da força lançaria o país num caos. O Exército agiu dentro desses vetores. Foi a atitude correta do [general] Freire Gomes, não há o que contestar”, afirmou o senador, referindo-se à postura do então comandante da Força diante de apelos golpistas.
‘Conspiração tabajara’ e o papel do Alto Comando
Mourão destacou que, apesar das conversas sobre um golpe, não houve movimentações práticas que configurassem uma tentativa real de ação. “Em tese, houve reuniões, mas não levaram a nenhuma ação. Na linguagem militar, definimos como ‘ações táticas’ tudo aquilo que há movimento. Não houve nada disso. Houve pensamento, não passou disso”, explicou.
Ele ressaltou que, para que algo desse tipo fosse concretizado, seria necessário o apoio do Alto Comando, o que não ocorreu. “Golpe não funciona assim. Golpe é como você viu na Síria, na Venezuela, na Turquia. É tropa na rua, é tiro, é bomba”, disse, reforçando que a tentativa não tinha estrutura nem organização para prosperar.
Reuniões no Alvorada e as investigações da PF
Questionado sobre reuniões realizadas no Palácio da Alvorada após o segundo turno das eleições, Mourão negou qualquer participação ou conhecimento dos assuntos tratados. “Eu sabia que havia reuniões, mas desconheço os assuntos. Nunca participei de reunião dessa natureza. Minha agenda é pública, basta consultar”, afirmou.
Mourão também minimizou as suspeitas levantadas pelas investigações da Polícia Federal, que apuram supostos planos para impedir a posse de Lula ou até mesmo atentar contra a vida do presidente e do vice, Geraldo Alckmin. Para ele, as apurações revelam conversas desconexas e sem fundamento. “Essa investigação, que levou praticamente dois anos, é um escarafunchar de conversas de WhatsApp e de algumas mensagens de e-mails trocados. São coisas surreais, na minha visão.”
Críticas ao governo Bolsonaro e à atuação do STF
Na entrevista, Mourão também comentou os erros do governo Bolsonaro, especialmente durante a pandemia, que teriam contribuído para a derrota eleitoral. “Bolsonaro perdeu mais por idiossincrasias que ocorreram ao longo do mandato do que pelo Lula. A direita tem que se unir. Com união, temos total condição de vencer.”
Sobre a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) no impasse das emendas parlamentares, Mourão criticou o avanço da Corte sobre questões que considera exclusivas dos Poderes Executivo e Legislativo. “Sou um crítico de como o Legislativo avançou sobre o orçamento. Outra coisa é o STF interferir em um processo que é entre Legislativo e Executivo”, pontuou.
Desafios para a direita e perspectivas para 2026
Para o senador, a direita enfrenta o desafio de se reorganizar e buscar uma liderança unificada para as próximas eleições. Ele não descartou a possibilidade de Bolsonaro ser o principal nome do campo conservador, caso recupere sua elegibilidade. “Os nomes estão voando, e vai chegar um momento em que será necessária uma junção de forças. O que não pode é nos apresentarmos divididos.”
Mourão encerrou destacando a importância de um debate interno mais coeso e menos polarizado para que a direita tenha chances reais de voltar ao poder em 2026.
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