“No maior aeroporto do Brasil eles entram, executam uma pessoa, e tudo bem”, diz Ricardo Cappelli sobre crime em Guarulhos
O crime foi comentado com indignação por Ricardo Cappelli, presidente da Associação Brasileira do Desenvolvimento Industrial (ABDI)
247 - O brutal assassinato de Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, ex-corretor de imóveis e delator da facção criminosa PCC, dentro do Aeroporto Internacional de São Paulo, acendeu um alerta sobre a penetração do crime organizado nas estruturas de poder e nas atividades econômicas do país. O crime, que ocorreu no Terminal 2, foi comentado com indignação por Ricardo Cappelli, presidente da Associação Brasileira do Desenvolvimento Industrial (ABDI) e interventor no Distrito Federal durante os eventos de 8 de janeiro. Cappelli destacou a sensação de impunidade e desamparo em uma declaração contundente: “No maior aeroporto do Brasil eles entram, executam uma pessoa, e tudo bem. Ah, coloca uma manchete hoje, amanhã o assunto é outro. Eles estão penetrando nos 3 poderes e em todas as atividades econômicas. E todo mundo olhando como se nada estivesse acontecendo. Até quando?”
A execução de Gritzbach, que se tornou alvo do PCC após delatar esquemas da facção ao Ministério Público, levantou suspeitas sobre a atuação dos seguranças responsáveis por sua proteção. Reportagem da TV Globo revelou que falhas na escolta teriam facilitado a ação dos assassinos. Segundo os seguranças, o veículo destinado ao transporte de Gritzbach quebrou a caminho do aeroporto. Em resposta, um dos policiais prosseguiu com o empresário e seu filho em outro carro, enquanto os demais permaneceram com o carro avariado. Investigadores apontaram que, considerando as ameaças constantes, o ideal seria que toda a escolta tivesse acompanhado Gritzbach até o terminal, sem deixar a segurança dividida.
As autoridades agora analisam as circunstâncias e as inconsistências nos relatos, pois há indícios de que os executores sabiam o horário exato de desembarque de Gritzbach, o que sugere que ele poderia estar sendo monitorado desde Goiás. A polícia apreendeu o celular da vítima, que passará por perícia para identificar qualquer indício sobre o planejamento do crime.
Motivações de vingança e os laços com o crime organizado
A trajetória de Gritzbach na facção foi marcada por envolvimento com Anselmo Bicheli Santa Fausta, conhecido como Cara Preta, um dos principais líderes do PCC no tráfico de drogas e armas. Cara Preta usava Gritzbach para disfarçar a posse de bens por meio de “laranjas” e, mais tarde, investiu milhões com ele no mercado de criptomoedas. No entanto, o relacionamento entre os dois se rompeu em 2021, quando Cara Preta foi assassinado em uma disputa financeira, e o Ministério Público acredita que Gritzbach foi o mandante do crime para evitar a devolução de um investimento de R$ 200 milhões.
Apesar das ameaças, Gritzbach recusou as medidas de proteção oferecidas pelo Ministério Público, mas ainda assim tomou precauções em sua rotina. Fontes próximas relataram que ele tinha consciência dos riscos e “temia pela própria vida”. Em seus depoimentos, ele forneceu informações detalhadas sobre as operações da facção, além de pistas que ajudaram nas investigações, mas o custo de sua colaboração pode ter sido alto demais.
Investigações e o alerta sobre as brechas na segurança pública
A polícia ainda investiga o papel dos seguranças na operação e vai analisar os celulares dos envolvidos para apurar se houve falha ou conivência. O episódio levanta questões sobre a segurança de testemunhas e delatores, especialmente em um contexto de combate ao crime organizado, que, como destacou Cappelli, tem conseguido se infiltrar nas mais diversas esferas de poder e na economia brasileira.
Para Ricardo Cappelli, o assassinato de Gritzbach representa um sintoma da penetração das facções e um alerta urgente para a sociedade. Suas palavras refletem um sentimento de indignação e impotência: “Eles estão penetrando nos 3 poderes e em todas as atividades econômicas. E todo mundo olhando como se nada estivesse acontecendo.”
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